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quarta-feira, 13 de abril de 2016

PROPINA BARROU CPI DA PETROBRAS




ZERO HORA 13 de abril de 2016 | N° 18498


CRISE EM BRASÍLIA


LAVA-JATO DIZ QUE PROPINA BARROU DEPOIMENTOS EM CPIS DA PETROBRAS



PRISÃO DE GIM ARGELLO (PTB), ex-senador pelo Distrito Federal, foi autorizada pela Justiça na 28ª fase da operação por suspeita de que teria cobrado R$ 5,3 milhões de empreiteiras para não convocar executivos a testemunhar em comissões parlamentares de inquérito no Senado e no Congresso, que foram encerradas sem o indiciamento de políticosA 28ª fase da Operação Lava-Jato prendeu ontem o ex-senador Jorge Afonso Argello, 54 anos, o Gim Argello (PTB-DF). Batizada Vitória de Pirro, a etapa apura indícios de que o petebista, atual presidente no Distrito Federal da sigla – favorável ao impeachment de Dilma Rousseff –, recebeu propina para evitar que empreiteiros fossem convocados a depor sobre irregularidades na Petrobras. Ele atuava na comissão parlamentar de inquérito (CPI) no Senado e foi vice-presidente da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) no Congresso, abertas para apurar o escândalo na estatal.

Argello teria cobrado R$ 5,3 mi- lhões, disfarçados como doações oficiais em favor dos partidos de sua base. A Lava-Jato apurou que as empreiteiras OAS e UTC pagaram R$ 350 mil e R$ 5 milhões, respectivamente. Parte das informações surgiu na delação premiada de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC. Outra parte, da colaboração premiada do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS).

Conforme a força-tarefa, Argello distribuía o dinheiro aos partidos do bloco União e Força, liderado por ele – o grupo atualmente é comandado pelo senador Fernando Collor (PTB- AL). Pessoa afirmou aos investigadores que teriam sido beneficiados DEM (R$ 1,7 milhão), PR (R$ 1 milhão), PMN (R$ 1,15 milhão) e PRTB (R$ 1,15 milhão).

O ápice da carreira de Argello ocorreu quando virou vice-presidente da CPMI da Petrobras, por indicação da base do governo no Senado, e participou também da CPI exclusiva na Casa. As duas comissões, que teriam sido “freadas” por ele, foram criadas após revelações de que a presidente Dilma Rousseff votou a favor da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), quando comandava o conselho de administração da estatal – o negócio gerou prejuízo de U$ 792 milhões (cerca de R$ 3 bilhões em valor atuais) à empresa. Em delação premiada, Delcídio afirmou que integrantes da CPMI, encerrada em 2014, recebiam propina em dinheiro vivo para evitar convocação de empreiteiros alvos da Lava-Jato.

REUNIÕES PARA ACERTAR VALORES

O senador citou Argello como coordenador dos achaques às construtoras. Delcídio contou que reuniões semanais eram feitas entre os congressistas e os executivos para discutir requerimentos “sensíveis” das CPIs e a estratégia para derrubá-los. Os encontros ocorreriam nas noites de segunda- feira, alguns na casa de Argello.

O diretor financeiro da UTC Engenharia, Walmir Santana, outro delator da Lava-Jato, afirmou que Argello atuou para que o empreiteiro Ricardo Pessoa não fosse chamado a depor na CPMI. Em contrapartida, o executivo faria contribuições em favor de pessoas indicadas pelo ex-senador. O próprio Pessoa citou, em delação premiada, o petebista como beneficiário de mais de R$ 4 milhões, dos cerca de R$ 8 milhões doados por empreiteiras investigadas às campanhas de políticos para abafar apurações das comissões.

A 28ª fase da Lava-Jato cumpriu 22 mandados judiciais. Além de Argello, preso preventivamente, foram detidos temporariamente dois ex-assessores dele: Valério Neves Campos, servidor da Câmara Legislativa do Distrito Federal exonerado ontem, e Paulo Cesar Roxo Ramos, que seria operador do esquema. Foram cumpridas ainda 14 medidas de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva em São Paulo, Rio de Janeiro, Taguatinga (DF) e Brasília.

O juiz Sergio Moro bloqueou R$ 16 milhões de Argello e de outros cinco alvos da 28ª fase da operação. A medida alcança ativos em contas do ex-senador, do filho dele, Jorge Afonso Argello, e de Roxo Ramos, além de três empresas.

Antes da Lava-Jato, o ex-senador já havia encarado suspeitas de ter beneficiado empresas de fachada com recursos públicos e, em CPI da Câmara sobre grilagem, foi acusado de ter recebido 300 lotes de terra para trabalhar pela regularização de um condomínio. A apuração não avançou.

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