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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

GRAVAÇÕES TORNAM DELCÍDIO INDEFENSÁVEL



ZERO HORA 26 de novembro de 2015 | N° 18367


POLÍTICA + | Rosane de Oliveira




Tramar a fuga de um homem condenado pela Justiça e que responde a outros processos, como Nestor Cerveró, é grave para qualquer cidadão. Quando esse cidadão é senador da República, torna-se indefensável. Delcídio Amaral foi preso porque se enrolou até o pescoço na trama para tirar Cerveró do país, numa tentativa desesperada de impedir que o delator entregasse segredos capazes de acabar com sua carreira de senador pelo PT de Mato Grosso do Sul.

As gravações feitas pelo filho de Cerveró, Bernardo, são inequívocas: Delcídio chegou a opinar até sobre o modelo de avião mais adequado para Cerveró fugir para a Espanha, via Paraguai ou Venezuela. Mais do que isso, o senador citou o nome de quatro ministros do Supremo Tribunal Federal com os quais poderia contar para garantir um habeas corpus a Cerveró. Foi a sua ruína.

Tão grave era o caso, que o ministro Teori Zavascki deferiu o pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal, mas consultou seus pares na 2ª turma do STF e o próprio presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski. Os outros quatro ministros da 2ª turma foram unânimes e referendaram a prisão, mesmo havendo questionamentos jurídicos sobre o flagrante, único caso em que cabe a prisão de um senador ou deputado.

Na reunião em que os colegas referendaram a decisão de Teori, brilhou a lucidez da ministra Cármen Lúcia, com frases que merecem ser reproduzidas como ato de fé na boa política:

“Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora, parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil”.

ALIÁS


O passado de Delcídio Amaral, ligado ao PFL antes de virar petista pelas mãos de José Dirceu, explica, em parte, a nota do presidente do PT, Rui Falcão. A nota diz que “o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade” em relação a Delcídio.


NO CARDÁPIO DOS DOADORES PARA A CAMPANHA DE DELCÍDIO, ESTÃO EMPRESAS INVESTIGADAS NA LAVA-JATO: ANDRADE GUTIERREZ, UTC ENGENHARIA, ENGEVIX E OAS. O BANCO BTG PACTUAL FEZ DOAÇÃO DE R$ 600 MIL AO PETISTA.

CAMPANHA MILIONÁRIA

Candidato ao governo de Mato Grosso do Sul na eleição passada, o senador Delcídio Amaral (PT) teve uma campanha de R$ 25 milhões. Os gastos do petista, que obteve 567.331 votos no segundo turno, foram mais do que o dobro do colega de partido Tarso Genro, que teve 2.445.664 votos no segundo turno da disputa no RS. Tarso teve a campanha mais cara do Estado, com gastos de R$ 11,2 milhões, mas o valor ainda é bem inferior ao que desembolsou Delcídio. O senador petista foi derrotado pelo tucano Reinaldo Azambuja.

EM TODAS AS CESTAS

O banco BTG Pactual, cujo proprietário foi preso em mais uma etapa da Operação Politeia, ontem, foi um dos principais doadores de campanha de PT, PSDB e PMDB em 2014.

Quem mais recebeu dinheiro da instituição foram os peemedebistas: um total de R$ 11,5 milhões. Os comitês e candidatos de PSDB e PT receberam R$ 10 milhões e R$ 8,5 milhões, respectivamente.



BOLA NAS COSTAS

Em meio à crise em que sua administração está mergulhada, tudo o que a presidente Dilma Rousseff não precisava era de uma bola nas costas do líder do governo no Senado. A prisão de Delcídio Amaral é um ingrediente a mais no caldeirão da crise política que emperra votações e atrapalha a economia.

Pela manhã, Dilma tentou disfarçar o mal-estar ao receber, no Palácio do Planalto, as jogadoras da seleção feminina de handebol, atuais campeãs mundiais. Os Correios vão renovar o patrocínio com a Confederação Brasileira de Handebol pelos próximos dois anos, que incluem a preparação para os Jogos Olímpicos do Rio 2016.

O tamanho do desconforto pode ser medido pela economia de palavras na nota em que o Planalto anunciou a saída de Delcídio da liderança do governo. Diz apenas: “Em razão dos fatos que tomamos conhecimento no dia de hoje em relação ao líder do governo no Senado, senador Delcídio Amaral, informamos que será escolhido novo líder na próxima semana, respondendo interinamente, nesta semana, os vice-líderes do governo naquela Casa”.

SÓ NO SITE


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem santo forte: quando o cerco está se fechando em torno dele, surge um fato mais bombástico para atrair a atenção do país.

A prisão de Delcídio Amaral dá mais tempo a Cunha para preparar a defesa e articular a manutenção do mandato.

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