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quarta-feira, 1 de abril de 2015

PROPINA PAGA NA PORTA DO PARTIDO

ZERO HORA Atualizada em 01/04/2015 | 05h39


Youssef diz que propina foi paga na porta do diretório nacional do PT. Em novo depoimento, doleiro afirmou que repassou R$ 800 mil ao tesoureiro do partido a mando da empresa Toshiba



Em novo depoimento, Youssef reafirmou entrega de dinheiro a político Foto: Geraldo Magela / Agência Senado/Divulgação


O doleiro Alberto Youssef, peça-chave da Operação Lava-Jato, reafirmou ontem à Justiça Federal que entregou cerca de R$ 800 mil em dinheiro vivo para o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Metade desse valor, segundo o delator, foi repassado na porta do diretório nacional do partido, localizado na Rua Silveira Martins, em São Paulo.

Em novo depoimento, agora nos autos do processo sobre operações ilícitas de câmbio realizadas pelo laboratório Labogen — empresa que Youssef tentou infiltrar no Ministério da Saúde na gestão do então ministro Alexandre Padilha (PT), o doleiro declarou que “a mando da Toshiba (Infraestrutura)” fez dois pagamentos para o tesoureiro do PT.

O dinheiro, segundo Youssef, teve origem em uma contratação para obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), entre 2009 e 2010.


— O primeiro valor foi retirado no meu escritório da (Rua) Renato Paes de Barros (São Paulo) pela cunhada dele (Vaccari) — declarou Youssef, referindo-se à Marice Corrêa Lima, perante o juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Lava-Jato.

— Eu entreguei esse valor pessoalmente. O segundo valor foi entregue na porta do diretório do PT nacional pelo meu funcionário Rafael Ângulo ao funcionário da Toshiba para que ele pudesse entregar o valor para o Vaccari — disse Youssef.

Um advogado questionou, então, se o doleiro sabia o nome desse funcionário, e a resposta foi: Piva. Então Youssef foi perguntado sobre o seu papel no esquema de pagamento de propinas e favores a agentes públicos e políticos. E respondeu:

— Eu era uma mera engrenagem, totalmente descartável. A partir do momento que não cumprisse com as obrigações, não recebesse e pagasse em tempo hábil os valores de maneira correta, no outro dia eu estava fora. Poderiam contratar qualquer outra pessoa para fazer esse trabalho.

Vaccari, por meio de seu advogado, o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, disse que repudia taxativamente as acusações. D’Urso tem reiterado que o tesoureiro só arrecadou quantias declaradas à Justiça Eleitoral. O criminalista rechaça o valor dos depoimentos em regime de delação premiada. Segundo D’Urso, os delatores “não dizem a verdade”. O PT tem reafirmado que todos recursos arrecadados têm origem lícita. A Toshiba nega pagamento de propinas a políticos.


Detalhes a respeito do pagamento de empresas

Youssef também admitiu no depoimento que a maior empreiteira do país, a Odebrecht, chegou a entregar dinheiro vivo em seu escritório, em São Paulo:

— Era comum (Odebrecht e Braskem) fazer pagamentos (de propina) lá fora, ou ela (Odebrecht) me entregava em dinheiro vivo no escritório da (Av.) São Gabriel.

Segundo o doleiro, que está preso na sede da PF em Curitiba, as propinas pagas pela Odebrecht eram referentes aos contratos que a empreiteira tinha em obras da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE). Os valores seriam repassados para o PP e o PT.

— Ela (Odebrecht) teve grandes contratos na Petrobras, primeiro a Rnest (Abreu e Lima) onde teve o consórcio Conest, onde parte desses valores ela me pagou em reais vivos aqui no Brasil, e parte me pagou em contas no Exterior — detalhou, afirmando que, por se tratar de um consórcio, a empreiteira pediu que parte da propina fosse paga pela OAS por meio da emissão de notas frias das empresas de fachada MO Consultoria, Empreiteira Rigidez e RCI Software, utilizadas pelo doleiro.

Youssef afirmou ainda que seus contatos na empreiteira eram Marcio Faria, diretor da Odebrecht Engenharia Industrial, e Cesar Rocha, diretor financeiro da Odebrecht Engenharia Industrial. Na Braskem, o contato seria Alexandrino de Alencar, ex-vice-presidente de relações institucionais da empresa.

Não é a primeira vez que a Odebrecht aparece nas investigações da Lava-Jato. O ex-diretor da Petrobras e também delator Paulo Roberto Costa relatou à força-tarefa que recebeu ao menos US$ 31,5 milhões até 2012 da empreiteira em contas na Suíça a título de “política de bom relacionamento” da empresa com ele. Segundo Costa, o próprio diretor da Odebrecht Plantas Industriais Rogério Araújo teria lhe indicado o operador Bernardo Freiburghaus, na Suíça, para abrir as contas onde eram recebidos os recursos.

As empresas citadas pelo doleiro negam veementemente o pagamento de propinas e o envolvimento de seus executivos no escândalo. A Odebrecht nega a existência de qualquer irregularidade nos contratos firmados com a Petrobras.

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