VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 29 de março de 2015

O RECADO DAS RUAS


ZERO HORA 29 de março de 2015 | N° 18116


DANIEL R. RANDON*



Passados 15 dias de uma mobilização histórica nas ruas das principais cidades brasileiras, poucas ações concretas foram tomadas, deixando nos cidadãos o sentimento de que continua “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Apesar dos evidentes sinais de que o governo levou um susto, ele preferiu desqualificar a mensagem pública caracterizando-a como um movimento da elite, restrito aos que perderam nas urnas. Não é necessária nenhuma análise mais profunda para perceber que a iniciativa superou quaisquer expectativas e contou com pessoas que saíram de suas casas em um domingo por livre e espontânea vontade, sem nenhum ganho financeiro, sem representação político-partidária e unicamente movidas pela indignação.

A verdadeira massa humana que lotou as avenidas e praças se sente lesada pela incompetência na gestão macroeconômica, que segue um modelo ultrapassado e inviável de inchaço da máquina pública, integrada por personagens que, ao invés do critério da meritocracia para o ingresso nos quadros dos ministérios e estatais, foram indicados por favorecimento político, envolvidos em corrupção e legislando em causa própria.

O governo ensaiou alguns movimentos divulgando leis anticorrupção mais severas e até acenou com possíveis reformas políticas. O atual momento econômico de recessão, entretanto, reduz os instrumentos do governo para tomar medidas populares ou de expansionismo. A mudança para um modelo econômico ortodoxo após a eleição, ainda mais durante uma crise, até pode ser questionada, mas o poder de manobra fica restrito diante do baixo nível de confiança dos investidores no país. Não podemos ignorar o histórico de intervencionismo, do não cumprimento das metas de superávit, da alta da inflação e, acima de tudo, da dificuldade de apoio do Congresso para as necessárias e sempre adiadas reformas.

Oportunista pelo enfraquecimento do governo perante a população – 64,8% de avaliação negativa –, o Congresso tenta barganhar mais poder ao invés de trabalhar em parceria com o governo num “pacote” sério e comprometido de austeridade, como era de se esperar daqueles que fazem as leis. Ao contrário, o que vemos são representantes do Senado e da Câmara envolvidos com a Operação Lava-Jato, o que desvia o foco das verdadeiras prioridades que deveriam estar em pauta.

No final do dia, fica claro que governo e Congresso Nacional – que a tudo assistiram de seus gabinetes – até agora não acordaram para a realidade de que o Brasil clama por mudanças. Da mesma forma que as pessoas e as organizações ajustam o seu orçamento para enfrentar corajosamente a crise, o governo precisa realizar cortes nos gastos e reduzir as benevolências a seu favor e não simploriamente aumentar impostos e juros e cortar investimentos, o que acaba onerando o trabalhador, reduzindo o seu poder aquisitivo, inibindo o crescimento econômico e a competitividade do país, que não merece nada disto.

*VICE-PRESIDENTE DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS DA RANDON SA IMPLEMENTOS E PARTICIPAÇÕES E PRESIDENTE DA FRAS-LE


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