VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O DÉFICIT PÚBLICO DO RIO GRANDE ASSUSTA A TODOS



JORNAL DO COMÉRCIO 23/03/2015


EDITORIAL



As finanças do Rio Grande do Sul não alcançaram o seu limite de déficit. Elas ultrapassaram o limite. O déficit estimado de R$ 5,4 bilhões em 2015 é de assustar qualquer um. Com seu estilo calmo, falando menos e procurando agir, segundo ele, com humildade e serenidade, o governador José Ivo Sartori (PMDB) promete refazer as contas estaduais. Deus queira, pois, é claro, o Rio Grande do Sul é maior do que todos nós, conforme enfatizou. A frase-símbolo na campanha política do agora governador do Rio Grande do Sul caiu muito bem no imaginário popular. Sim, fácil de ser assimilada e capitalizando uma certa descrença com a situação da classe política nacional, José Ivo Sartori abria os braços a exclamava que "O meu partido é o Rio Grande".


Ora, equilibrar as finanças estaduais é a missão básica da sua equipe. De resto, o mesmo e antipático trabalho que, em nível nacional, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, está fazendo. E não há outro caminho a não ser cortando gastos de custeio ou aumentando tributos. Isso é acaciano, e todos nós estamos preocupados com as necessidades pleiteadas e os recursos para satisfazê-las. Ainda que alguns governantes prefiram a ilusão para fugir dos problemas, aliada ao discurso fácil, não podemos esquecer que a verdade, mesmo que doa, é a única que liberta e indica caminhos.


Um exemplo é que, para cada R$ 100,00 pagos para quem está trabalhando, o Estado gasta R$ 119,4 para quem está aposentado ou é pensionista. E mesmo que o novo indexador de correção do saldo devedor da dívida estadual para com a União seja mais baixo, se a atividade econômica não aumentar a arrecadação do Tesouro, as dificuldades continuarão.


Os gaúchos não querem ficar na situação em que os desesperados chegam, quando têm pouca fé no futuro ou em qualquer ideia nova que possa ser apresentada como solução para o sufoco financeiro. Entretanto, a nossa segurança terá que ser baseada na acumulação e na poupança do erário, sendo que gastar além do estritamente necessário e obrigatório tem que ser visto como uma ameaça à retomada do equilíbrio financeiro.


O Tesouro do Estado terá que se mostrar acumulativo, organizado ao extremo, pensando muito antes de liberar o que não é impostergável. A dívida do Rio Grande do Sul, no segundo quadrimestre de 2014, estava em torno de R$ 74,6 bilhões, uma quantia fantástica. Por isso, de pleno, o novo governo optou por uma orientação compulsiva no corte de custeio. Uma autêntica ablução religiosa para limpar os gastos que possam ser postergados no custeio.


A folclórica "economia do clips" deve ser o início de uma jornada que, com certeza, não resolverá os problemas de caixa ainda em 2015. Mas é esse o caminho, talvez o único, para que o Tesouro volte a ter mais dinheiro entrando do que sendo liberado. Esta semana promete um novo capítulo: serão parcelados, ou não, os vencimentos?


Na atual situação estadual, os gaúchos sentem-se ao mesmo tempo como os credores e devedores, como se todos nós fôssemos uma mercadoria depreciada posta à venda, mas sem comprador. Se a nova administração tiver sucesso ao logo de 2015, será valiosa. Caso contrário, as críticas acabarão por torná-la como algo talvez mesmo imprestável. Enfim, se o nosso partido é o Rio Grande, se as finanças forem equilibradas todos nós estaremos identificados com o sucesso e justificada estará a eleição.

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