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sábado, 21 de março de 2015

IMPEACHMENT SERIA UM TRAUMA MUITO GRANDE



ZERO HORA 22 de março de 2015 | N° 18109


ENTREVISTA


ROBERTO SANDER - Jornalista e escritor



Para o jornalista e escritor Roberto Sander, os pedidos de intervenção militar que ilustraram os cartazes de alguns manifestantes no domingo passado partiram de uma “minoria mal informada e sem cultura política”. Autor do livro 1964 – O Verão do Golpe, em que reconstrói a atmosfera e os momentos que antecederam o início da ditadura militar, Sander reconhece que existem semelhanças entre as conjunturas, mas acha que a possibilidade de um novo golpe praticamente não existe.

O país atravessa um momento semelhante com o que antecedeu o golpe de 1964?

Acho que existem algumas semelhanças, mas o contexto nacional e internacional é completamente diferente. Existem movimentos hoje parecidos, mas sem o peso que tiveram há 50 anos, porque a sociedade mudou, a configuração mundial mudou – não há mais aquela polarização ideológica que existia antigamente. Tudo isso contribuiu muito para que aquele movimento desaguasse no golpe.

Então, apesar de manifestantes pedirem a intervenção militar nos atos de 15 de março, as chances de a história se repetir são remotas?

Eu diria que as possibilidades são inexistentes. O contexto é muito diferente. Por mais que existam problemas, a gente avançou, já temos alguns anos de democracia. Não consigo imaginar o Brasil voltando àquele momento de perseguição, morte, tortura e censura. Por mais que existam setores críticos ao governo, tenho certeza de que a maior parte não apoia isso. É uma minoria mal informada, sem cultura política, sem conhecimento da história.

E quais são as semelhanças entre os períodos?

É justamente um setor da sociedade muito intransigente, muito sectário. Em qualquer país, existem setores mais reacionários, mais direitistas, que preferem um sistema mais fechado, que acham que a bagunça só se resolve através da força e que não estão habituados a conviver no ambiente democrático. Não conseguem lidar com o contraditório e se apegam a essa coisa de regime de força, de opressão. Mas acho que isso está completamente fora de moda, pelo menos na maioria dos países democráticos. O país tem de avançar nessa direção e aperfeiçoar o sistema democrático, e não retroceder.

Defender o impeachment é flertar com o golpismo, como alguns ministros têm afirmado?

Concordo em parte. Acho que ainda não é o momento disso. Impeachment seria um trauma muito grande para o Brasil e para a democracia. Ainda acho que isso é vontade de uma minoria. A gente tem que trabalhar por uma reforma política, já que o financiamento das campanhas é uma fonte de corrupção. O Brasil precisa avançar nesse sentido.

Como Dilma poderá sair desta crise?

Dilma tem de ter serenidade e tomar as medidas que são fundamentais, que são trabalhar pela reforma política, mostrar transparência nos episódios envolvendo o PT, aceitar este processo de esclarecimento dos fatos, de punição. Ela está muito visada, está ali na corda bamba. Então, acho que, acima de tudo, ela vai ter de ter serenidade para se manter e terminar o mandato de uma forma digna. Acho que a transparência é a palavra-chave. Não querer camuflar os fatos e negar o que está na cara de todos é importante para dar legitimidade até para a figura dela como presidente.



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