VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 21 de março de 2015

CONTRAPONTO AO PANELAÇO



ZERO HORA 21 de março de 2015 | N° 18108



POLÍTICA MAIS | Rosane de Oliveira





Na primeira visita de um presidente da República a Eldorado do Sul, Dilma Rousseff teve ontem uma recepção capaz de fazer esquecer, por momentos, as agruras da crise política que levou sua credibilidade ao fundo do poço. Em vez de vaias, palmas. Em vez de panelaço, um coro de olê, olê, olá, Dilmaá, Dilmaá. Em vez de multidões vestidas de verde e amarelo gritando Fora Dilma, milhares de simpatizantes com camisetas vermelhas repetindo Dilma, guerreira/ mulher brasileira.

Organizado pelo MST, com o apoio logístico de centrais sindicais, o ato no assentamento Lanceiros Negros, onde ela inaugurou um silo de secagem e armazenamento de arroz agroecológico, teve clima de comício eleitoral. Até na escolha dos quatro ministros que acompanharam a presidente ficou explícita a preocupação em evitar atrito. Eram todos do PT: Patrus Ananias, Miguel Rossetto, Pepe Vargas e Tereza Campello. Deputados, apenas os do PT. A presença do ex-governador Olívio Dutra, ídolo dos sem-terra e dos pequenos agricultores, deixou o ambiente com jeito de convenção partidária. Mas teve também fogo amigo, disparado pelo comandante do MST.

Sentado na primeira fila, João Pedro Stedile foi o terceiro a discursar. Falou mal do agronegócio e dos agrotóxicos, disse que “o Incra virou uma tapera velha” e pediu que a presidente tire o instituto e a Conab das mãos dos partidos e “coloque companheiros que gostem dos pobres”. Atacou a Rede Globo, chamou de “classe média reacionária” os que foram, às ruas no dia 15, reduziu a corrupção na Petrobras a atos de “meia dúzia de gerentes lumpens”, provocou o juiz Sérgio Moro, pediu a divulgação do nome dos 8 mil brasileiros que têm conta no HSBC na Suíça e defendeu a reforma política.

Quase no final, passou a questionar o ajuste fiscal. Sugeriu que, em vez de cortar direitos dos trabalhadores, Dilma taxe as grandes fortunas e recrie a CPMF para depósitos acima de R$ 100 mil. E disse que os ministros precisam ser mais humildes para ouvir o povo:

– Se o orçamento tem problema, por que o seu Levy não vem aqui discutir conosco?

Última a falar, Dilma começou dizendo que respeita Stedile, mas não concorda em tudo com ele. Fez um discurso conciliador, explicou as medidas adotadas, incluindo os cortes no seguro-desemprego e no seguro- defeso (para pescadores) e defendeu o ajuste fiscal como condição para o Brasil voltar a crescer.

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