VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O VOTO É UNIVERSAL



ZERO HORA 28 de novembro de 2014 | N° 17997


 POR CHICO VICENTE*



Causa indignação o artigo publicado na ZH de ontem (27/11) intitulado “Quem não deveria votar nas próximas eleições?”.

Defende a autora do texto que os cidadãos que são beneficiários de projetos assistenciais e não provam que estão tentando sair dessa situação não deveriam ter direito ao voto. Tese reacionária, excludente e anticonstitucional, na medida em que o sufrágio universal é cláusula pétrea e foi conquistado depois de muita luta.

Quem nunca experimentou situação análoga à criticada pela autora, provocada por um sistema injusto que beneficia apenas quem tem “capital inicial” ou “berço de ouro”; quem tem condições de se alimentar três vezes ao dia e, portanto, ser capaz de fazer sinapse, estudar e se formar para “se tornar alguém produtivo” e não consegue entender a situação e a enorme dificuldade de quem se encontra na extrema miséria para sair dela, ou usa lentes ideológicas, ou acredita que o egoísmo é a saída para a humanidade.

Para a autora, cidadania deixa de ser um direito universal para ser medido pela renda. Ora, isto é um retrocesso. Voltaremos ao Brasil Colônia, quando nem escravos, nem mulheres podiam votar porque não tinham renda?

Mas os latifundiários, grandes empresários e banqueiros que ganham bilhões de empréstimos, a juro subsidiado, do governo, e não os pagam, também se enquadrariam? Vide caso Eike Batista. A lógica é a mesma porque a maioria desses “produtores” não consegue viver sem esse “assistencialismo de luxo”. Nos últimos anos, por ação dos programas sociais do governo, milhões de brasileiros saíram da miséria absoluta e hoje integram a classe trabalhadora. Para superar 500 anos de exclusão de um lado e concentração de riqueza e renda, de outro, é necessário exercer esta política por quiçá uma ou duas gerações.

Infelizmente esse tipo de pensamento conservador tem aflorado no curso da última disputa eleitoral. É uma visão elitista que riscou simplesmente do seu dicionário o que a Revolução Francesa consagrou como direitos fundamentais há mais de 200 anos. Lastimável!

*Geógrafo, ex-presidente do PT e da CUT

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