VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

VOTO E ANALFABETISMO POLÍTICO



ZERO HORA 24 de outubro de 2014 | N° 17962


ARI RIBOLDI*



É chegada a hora crucial do exercício do direito de votar e de eleger os futuros ocupantes dos cargos de presidente da República e de governador do Estado. Preocupa-me a postura dos que dizem detestar a política, como se fosse coisa do demônio, e se omitem, alardeando o voto branco e nulo. Demonstram que a nossa democracia ainda é incipiente e que a alienação política é a fonte da corrupção e da ausência de fiscalização sobre os governantes. A omissão e a ignorância estão na raiz dos desmandos e da rapinagem no trato do bem público.

Valho-me das palavras do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, sempre atuais e mais que pertinentes para o momento: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro, que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política e os políticos. Não sabe o imbecil que da sua ignorância nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.

Também cito as palavras de Rui Barbosa, igualmente oportunas e esclarecedoras: “A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento. (...) A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pes- soais. Constitui a política uma função, ou um conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moral estragada”.

Que prevaleça, nesta hora, a consciência da verdadeira cidadania, bem longe do papel nefasto e retrógrado do analfabetismo político. E que os eleitores continuem depois a exercer o direito e o dever de acompanhar o dia a dia de quem os representa, pelo bem da democracia e do povo brasileiro.

*Professor e escritor

Nenhum comentário: