VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 28 de setembro de 2014

TRÊS INTELECTUAIS EXPLICAM SEU VOTO PARA PRESIDENTE

ZH 27/09/2014 | 15h03


Intenção de voto. O PrOA pediu a três escritores e acadêmicos brasileiros para justificar a escolha que farão no próximo dia 5



Foto: Clipart / Reprodução

A uma semana das eleições, o caderno PrOA pediu a três intelectuais que já haviam aberto seus votos para escrever um breve texto justificando sua escolha para a eleição do próximo dia 5. Foram solicitados textos para os eleitores dos três candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais, e a disposição dos artigos na lista abaixo obedeceu à ordem alfabética do nome dos candidatos. A favor de Aécio Neves, escreve o jurista Celso Lafer, professor da USP e integrante da Academia Brasileira de Letras.

O economista Ladislau Dowbor, professor da PUC-SP e autor, entre outros, de Formação do Terceiro Mundo e Formação do Capitalismo no Brasil (ambos pela Brasiliense), manifesta as razões por que vota em Dilma Rousseff. Em nome de Marina Silva, quem escreve é Luiz Eduardo Soares, escritor, cientista político, ex-secretário nacional de Segurança Pública (2003) e ex-coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Rio de Janeiro (de 1999 a 2000). Clique abaixo pra ler as intenções de voto de cada um:


Por que Celso Lafer vota em Aécio Neves

"Aécio conjuga a afirmação dos benefícios da estabilidade e do desenvolvimento com a importância de políticas afirmativas de inclusão social"

por Celso Lafer*27/09/2014 | 15h03


O candidato à Presidência Aécio Neves Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS

* Professor Emérito do Instituto de Relações Internacionais da USP. Ministro das Relações Exteriores no governo FHC

As eleições presidenciais são disputadas por três propostas: uma de continuidade do atual governo e duas de oposição. As de oposição partem da avaliação de que há ampla insatisfação com o atual estado de coisas, clara expressão do esgotamento do modelo político do PT. Daí a importância de democrática alternância renovadora, que restitua ao país confiança e credibilidade nos seus governantes.

Um dos valores inerentes à democracia é a convicção de que o caminho da renovação da sociedade se faz por meio do livre debate de ideias, das mudanças de mentalidades e da possibilidade de, por meio de eleição, ensejar novas diretrizes governamentais. Registro que o Brasil é um país melhor e mais justo depois da redemocratização e da Constituição de 1988, graças à atuação dos que passaram pelo poder, inclusive o PT.

Não é esse fato histórico, no entanto, que está no DNA dos governos do PT que, desde 2003, se autoproclamam o marco zero da História brasileira. É essa autorreferida afirmação que faz o PT apresentar a reeleição de Dilma como o antídoto do apocalipse. Daí a intolerância com que tratam seus adversários, assumidos como inimigos da salvação a serem por isso mesmo destruídos. É por essa razão que o PT, no modo de governar e na campanha, resvala com lamentável frequência na antidemocrática desqualificação em todos os planos e por todos os meios dos seus opositores.

Neste contexto apoio a candidatura de Aécio Neves. Ela tem a consistência oposicionista do PSDB ao modo de governar do PT e aos seus desmandos –entre eles a voraz aparelhagem do Estado e o cupim da corrupção evidenciado com o julgamento do mensalão. A isto acrescento os equívocos patrocinados pelo PT na condução da inserção internacional do Brasil, que comprometem a conversão de necessidades internas em reais possibilidades de aproveitamento das oportunidades externas.

A candidatura Aécio carrega no seu DNA o compromisso histórico do PSDB com a estabilidade e o desenvolvimento econômico do país que estão sendo minados na gestão Dilma.

Aécio conjuga a afirmação dos benefícios da estabilidade e do desenvolvimento com a importância de políticas afirmativas de inclusão social e não custa lembrar a importância das políticas sociais inauguradas pelo governo do PSDB, que formam o patamar a partir do qual o PT vem trabalhando, inclusive o Bolsa Família.
Aécio conta com o poder de convocatória e a credibilidade dos quadros técnicos do PSDB e seus simpatizantes, que darão à sua Presidência inovadora capacidade de gestão, apta a lidar com os desafios internos e externos no momento atual do país, algo essencial, tendo em vista a “fadiga dos materiais” petista.

Concluo que os valores da democracia, inclusive os relacionados com a afirmação dos Direitos Humanos, são constitutivos do DNA republicano do PSDB. É o que corporifica Aécio na sua trajetória de parlamentar e governador de Minas Gerais, em sintonia com o legado político de Tancredo Neves e em convergência com a herança bendita do governo FHC.



Por que Ladislau Dowbor vota em Dilma Rousseff

"O argumento central, de longe, Brasil gerou um círculo virtuoso que não pode ser interrompido.

por Ladislau Dowbor *27/09/2014 | 15h04



A presidente Dilma Rousseff Foto: Adriana Franciosi / Agencia RBS

* Economista e professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Nesta área política os argumentos descem facilmente do cérebro para o fígado: as pessoas perdem de vista o que realmente importa. O clima de ódio, tão fortemente insuflado em particular pela mídia comercial, realmente não ajuda. O catastrofismo apresentado é semelhante ao da véspera da Copa, e tem a mesma falta de fundamentos.

Quando Ruth Cardoso, há anos, me pediu para ajudar no Comunidade Solidária, ao lado de Gilberto Gil, Zilda Arns e outros personagens que respeito, participei, sem remuneração, por achar que poderia ser útil. O objetivo maior, para mim, é o bem-estar da população. E também aprendi muito, em particular ao constatar que não basta um pouco de política social, precisávamos de uma política integrada de Estado para reerguer a base do país. Minha posição não parte do fígado, mas dos conhecimentos que adquiri aplicando políticas de desenvolvimento e de inclusão em vários países, e em vários segmentos de gestão pública e privada no Brasil.

O argumento central, de longe, é que o Brasil gerou um círculo virtuoso que não pode ser interrompido. Quanto mais se aproximam as eleições, sem dúvida, mais aparecem gritos de que a economia está quebrada, de que estamos num mar de lama e argumentos semelhantes. Apresentei o amplo leque de opções de desvios em pequeno livro, Os Estranhos Caminhos do Nosso Dinheiro. Recomendo, está online, eu fiz a lição de casa, abri a caixa. Acreditem, já fiz este exercício para vários países, a pedido da ONU, eu sei o que são números e o que é cosmética.

E o que importa mesmo é a dinâmica estrutural e de longo prazo. Aqui os dados são avassaladores. Temos os quase 40 milhões de brasileiros que saíram do buraco negro em que se encontravam, e isto em si já é quase milagroso, num país onde se criou uma ditadura por um miserável aumento de salário mínimo e fragmento de reforma agrária. Temos também os 20 milhões de empregos formais criados, um aumento do salário mínimo real da ordem de 70% e o menor desemprego da história, da ordem de 6%, dados que apontam para um marco de transformação estrutural. Aqui não há voo de galinha. Eu, por ofício de economista, acompanho os números. A esperança de vida ao nascer, efeito de alimentação, saúde e outros direitos básicos, passou de 65 para 74 anos: ou seja, o brasileiro tem praticamente 10 anos de vida a mais para falar como era bom antigamente.

Nem a situação internacional preocupante, nem muito menos a dinâmica interna permitem aventuras, voos inseguros em nome da moralidade e do liberalismo, argumentos que clamam por um voto “contra”, mas que não apresentam outra perspectiva senão o da reconstituição do sistema de privilégios de sempre. A verdade é que a máquina administrativa herdada foi feita para administrar privilégios, não para prestar serviços. E os privilegiados a querem de volta. A dinâmica de transformação em curso é preciosa demais para que a travemos com aventuras. Precisamos de mudanças sim, mas de mudanças para a frente, não de um retrocesso liberal.



Por que Luiz Eduardo Soares vota em Marina Silva


"A eleição de Marina, gestora testada, líder serena, aberta ao diálogo e firme, dará ao país a chance de mudar"

27/09/2014 | 15h04


A candidata à Presidência Marina Silva Foto: Bruno Alencastro / Agencia RBS

* Antropólogo, cientista político e escritor

O PSDB nos deu a estabilidade da moeda, e o PT, a redução das desigualdades. O PT foi contrário ao Plano Real, depois adotou seus fundamentos e beneficiou-se de seus resultados. O PSDB reagiu ao Bolsa Família, às políticas afirmativas, às cotas, ao ProUni, à política cultural implantada por Gil. Assumiu o papel de oposição pela oposição, enveredando por um caminho francamente demófobo. Enquanto isso, o PT tornava-se a socialdemocracia popular: pleno emprego, valorização do salário mínimo e acesso ao crédito consignado. Por outro lado, o que teria sido do Brasil, sob Lula, sem a garantia de independência do Banco Central que Henrique Meireles encarnava? Sem a fidelidade ao tripé liberal legado por FHC: câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário?

Com Dilma perdemos o rumo. A bolsa-empresário, patrocinada pelo BNDES por meio de empréstimos a juros subsidiados, não constitui um erro porque corresponde a intervenções do Estado na economia, como se fosse um pecado ideológico, mas porque consiste num tipo específico de intervenção cujos efeitos são perversos: introduz incerteza que desestabiliza expectativas e desidrata investimentos (o impacto na infraestrutura é catastrófico); gera um clientelismo entre elites que politiza a economia de modo autoritário, despotencializando vetores indutores da competitividade; salva e descarta opções empresariais segundo planos jamais discutidos com a sociedade, promovendo, por exemplo, o modelo automotivo, cujo preço é a crise dramática na mobilidade urbana.

Aonde nos levará a via desenvolvimentista do PT, irresponsável do ponto de vista ambiental e indiferente ao debate sobre o tipo de sociedade que desejamos construir? Que futuro o PT nos reserva? Nele, seremos menos desiguais porém cínicos em relação às instituições jurídico-políticas, incrédulos na representação, impedidos de participar como protagonistas? Sentiremos repulsa pela política porque nos convenceremos de que o Estado serve para aparelhar, coagir e cooptar entidades e movimentos? Consumiremos cada vez mais, vivendo cotidianos desumanos em cidades insuportáveis, regidos pela brutalidade policial e a violência social? Seremos menos desiguais e destruiremos as sociedades indígenas, devastando seus territórios?

Como junho de 2013 demonstrou, PT e PSDB negligenciaram questões decisivas para a democracia, além da sustentabilidade e do debate sobre alternativas históricas: (1) a participação da cidadania; (2) a qualidade das políticas públicas; (3) a captura da política por interesses privados, nos governos e nas eleições; (4) a permanência da violência policial sobretudo contra jovens negros e pobres, e as violações de que são vítimas os próprios policiais no interior de suas instituições.

Há vida inteligente além da bipolaridade PT-PSDB. A eleição de Marina, gestora testada, admirada em todo o mundo, líder serena, aberta ao diálogo e firme, dará ao país a chance de mudar, preservando conquistas e adaptando a agenda nacional ao século 21.

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