VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O ERRO DO IBGE



ZH 23 de setembro de 2014 | N° 17931


EDITORIAL


Corrigir os dados é apenas parte das providências que o governo deve tomar, para que as pesquisas não sejam desmoralizadas por uma sucessão de falhas.



A perda de credibilidade das estatísticas oficiais é o maior risco decorrente dos erros de cálculo cometidos pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O instituto cometeu falhas na tabulação dos resultados, o que fez com que a imprensa noticiasse, com destaque, uma informação com conclusão inversa ao que havia sido realmente apurado. O erro noticiava que a desigualdade havia aumentado no país, quando teria acontecido o contrário. É uma falha grave, num contexto delicado de campanha eleitoral, o que acabou provocando reações, muitas das quais exageradas, dos partidos de oposição ao governo. Não é surpreendente, no entanto, que a incorreção tenha inspirado até mesmo a suspeita de que o IBGE pudesse estar, com a revisão dos números, a serviço das boas notícias que interessam a quem está no poder.

É uma suspeita que as sindicâncias terão de desfazer. O primeiro efeito das falhas é a desconfiança que passa a rondar trabalhos governamentais. A admissão de que a pesquisa continha inversões acontece cinco meses depois de um dano pesado na imagem de outro órgão do governo, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pelo mesmo motivo. O Ipea havia divulgado pesquisa com dado alarmante: 65% dos brasileiros concordariam com a afirmação de que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. O número real era bem inferior: 26% concordavam com a assertiva.

Pesquisas públicas e privadas, com os mais diversos objetivos, convivem com suspeitas e dúvidas sobre metodologia, público da amostragem e a real intenção dos estudos. Se o próprio governo produz erros em sequência, com amostragens importantes para a interpretação da realidade, é óbvio que a desconfiança tende a ser ampliada. Lamenta-se igualmente o prejuízo que as falhas produzem nos organismos encarregados de estudar números, comportamentos e tendências. O IBGE e o Ipea são instituições respeitadas, que não podem ter a autoestima de seus servidores e a imagem abaladas por deficiências nem sempre bem esclarecidas.

Estudos governamentais sempre orientaram decisões públicas e privadas e trabalhos acadêmicos em torno da situação do país, sob os pontos de vista econômico e sociológico. Corrigir o erro é importante, mas a atitude do Executivo não pode se esgotar num pedido de desculpas e na apresentação dos números verdadeiros. É preciso que o governo transmita aos brasileiros a certeza de que trabalha com afinco no sentido de evitar que tais barbeiragens se repitam.

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