VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 5 de julho de 2014

SOBRENOME NÃO GARANTE MAIS ELEIÇÃO

REVISTA ISTO É N° Edição: 2328 | 05.Jul.14


Campanha aos governos estaduais mostra que os caciques perderam a influência de outrora. Se quiserem triunfar nas urnas este ano, herdeiros de políticos famosos precisarão suar a camisa



Izabelle Torres 


Aparentemente um caso isolado, a aposentadoria de José Sarney, depois de as pesquisas indicarem altos índices de rejeição ao seu nome e ao da filha, a governadora do Maranhão, Roseana, mostra que a política pode estar vivendo um momento um tanto quanto inusitado, ou pelo menos caminha para isso. Pesquisas para as disputas estaduais realizadas até agora revelam que herdeiros de políticos conhecidos, donos de sobrenomes famosos, não vivem uma situação tão confortável como em eleições passadas. Embora ainda detenham um vasto patrimônio, incluindo empresas na área de comunicação, e contem com o poder e a influência dos parentes nos diretórios regionais dos partidos, eles precisarão suar a camisa se quiserem triunfar no pleito deste ano.




O OCASO DOS CORONÉIS
A aposentadoria de José Sarney foi sintomática. Filhos de políticos conhecidos,
como Renan Filho e Rodrigo Jucá, terão dificuldades para vencer as eleições



Os exemplos se espalham pelo País. No Maranhão reside o caso mais nítido do enfraquecimento das dinastias. A candidatura de Lobinho (PMDB), filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, representava a esperança de que o poder se mantivesse ao menos próximo do grupo político de Sarney, que submergiu depois de longos 50 anos no comando do Estado. Mas o senador Edison Lobão Filho corre sério risco de ser derrotado pelo adversário Flávio Dino (PCdoB) ainda no primeiro turno.

Em Roraima, a influência do senador Romero Jucá (PMDB) não tem sido suficiente para fazer deslanchar a chapa da situação, composta pelo seu filho Rodrigo, que é candidato a vice-governador. Diferentes pesquisas feitas até aqui mostram que a impopularidade do atual governador do Estado, Chico Rodrigues (PSB), companheiro de chapa de Jucazinho, deixa o grupo com percentuais que não chegam a 25% das intenções de voto. A principal adversária é Ângela Portela, do PT, que ostenta o dobro. No Estado, Jucá, o pai, mantinha poder inabalável havia décadas e sempre colocou sua influência a serviço da projeção política do filho. Até agora, no entanto, esse empenho não surtiu efeito.

Ciente do ocaso dos coronéis País afora, o filho do senador Jader Barbalho, Helder Barbalho, tentou ser mais esperto para não perder votos. Candidato ao governo do Pará, ele preferiu não usar o sobrenome Barbalho na campanha, apesar de sobreviver politicamente graças à influência da família no Estado. Mas é quase impossível desvincular o nome dos dois. A maior parte do eleitorado paraense conhece a trajetória familiar de Helder. E o pai está mais próximo do que nunca da campanha do herdeiro. Para viabilizar o filho, Jader Barbalho usou seu prestígio para levar o ex-presidente Lula à convenção do partido, na última segunda-feira 30. Por ora, nas recentes pesquisas, Helder aparece tecnicamente empatado com o atual governador Simão Jatene (PSDB), candidato à reeleição. Ou seja, a disputa está acirrada e, se quiser vencer nas urnas, Helder, com ou sem o “Barbalho”, terá de mostrar mais do que padrinhos de peso.


EM BAIXA
O ministro Edison Lobão não deve conseguir eleger o filho no Maranhão

Renan Filho, herdeiro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), talvez seja a experiência mais bem-sucedida, pelo menos até agora, da tentativa de uma família de manter a influência regional. Mas dificuldades para isso nem de longe poderiam ser vislumbradas anos atrás. Com o diretório estadual do partido nas mãos e uma lista de favores concedidos aos governos Lula e Dilma Rousseff, o senador conseguiu colocar Renan Filho na dianteira das pesquisas. A margem, porém, é apertada. Como poucas vezes aconteceu na sua carreira política, Renan Calheiros vem tendo trabalho para costurar as alianças em torno do filho. Para o lamento do cacique alagoano, que nunca precisou fazer campanha no Estado para vencer eleição, a força do sobrenome já não é mais a mesma.

Fotos: Adriano Machado; Diogenis Santos/SEFOT

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