VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

COALIZÕES SEM IDENTIDADE IDEOLÓGICA


Coalizões entre partidos se mostram cada vez mais sem identidade ideológica. Especialistas avaliam que, sem mudanças na lei, o comportamento de candidatos e partidos deve seguir nesse padrão

por Juliana Bublitz, ZERO HORA 02/07/2014 | 04h49



A cabeça do eleitor anda confusa. Sem constrangimento, partidos adversários na disputa à Presidência flertam nos Estados e selam alianças improváveis. Ao unir opostos, as coligações-Frankenstein embaralham o cenário eleitoral e dão o tom da campanha, que começa oficialmente no próximo domingo.


No carnaval das coalizões, tudo é possível. Em São Paulo, o casamento de Paulo Maluf (PP) com o PT ruiu — aos 45 do segundo tempo, ele pediu o divórcio e trocou de noiva (agora a escolhida é o PMDB).



Até críticos do toma-lá-dá-cá, como o deputado federal Romário (PSB-RJ), surpreenderam eleitores costurando acordos inusitados. O ex-jogador decidiu ficar ao lado do PT de Dilma Rousseff no Rio, em troca de respaldo a sua candidatura ao Senado. Como o PSB tenta desbancar Dilma do Planalto, o baixinho levou cartão amarelo nas redes sociais.

No Rio, os petistas aceitaram o reforço da legenda de Eduardo Campos sem embaraço. Para o candidato Lindbergh Farias (PT), que estava isolado na briga pelo governo fluminense, a adesão representa mais tempo de TV e, portanto, maiores possibilidades de votos.

— Em um sistema como o nosso, exigir pureza do ponto de vista ideológico é botar uma camisa de força nos políticos. Na prática, não funciona assim — resume o cientista político Felipe Borba, da UniRio.

O PSB de Romário, aliás, vem se mostrando um dos mais criativos na composição das coalizões regionais, mas está longe de ser o único. O PMDB se divide com naturalidade entre Dilma, Campos e Aécio Neves (PSDB) nos Estados, e o PSDB não se distancia nas contradições.



Em Pernambuco, terra de Campos, os tucanos decidiram reforçar a frente encabeçada pelo candidato do PSB. No Maranhão, apoiaram o PC do B.

— É uma confusão danada, mas é natural. O sistema é incoerente mesmo, e a lógica estadual é diferente da lógica nacional — pondera Valeriano Costa, professor da Unicamp.

Não é preciso ir longe para confirmar a multiplicação das discrepâncias. No Rio Grande do Sul, siglas como DEM e PDT, com orientações ideológicas antagônicas, estão na mesma chapa, e o PMDB não quer saber do PT. O comportamento, segundo o sociólogo Antonio Lavareda, é previsível. O que chama a atenção é que as composições esdrúxulas vêm se sobressaindo.

— A cada eleição, as excrescências aumentam, e fica claro que o atual modelo é prejudicial ao país. Só que a crítica está virando cantilena. Nada vai mudar se a legislação não mudar — adverte Lavareda.

A saída seria a realização de uma reforma política de verdade. Como não há indícios de que isso venha a ocorrer no curto prazo, resta uma outra medida. Tudo depende, avalia Costa, da consciência do eleitor.

— Cabe a todos nós decidirmos. Se reprovamos determinadas condutas, a melhor maneira de dizer isso é por meio do voto — defende.



Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e analista de risco político Paulo Kramer, o excesso de partidos é o combustível das alianças esdrúxulas. Kramer classifica o sistema eleitoral e partidário brasileiro de "disfuncional".

Como o senhor avalia as alianças definidas para as eleições deste ano?
São o sintoma de um sistema eleitoral e partidário disfuncional, que produz muita fragmentação e permite a existência de um número excessivo de partidos. Só na Câmara dos Deputados, temos duas dezenas. É uma verdadeira feira, uma geleia geral.

Como chegamos a isso?
Até 1964, bem ou mal, os partidos aos poucos ganhavam representatividade e um alinhamento maior em relação às bases. Em 1965, com o bipartidarismo, grupos que antes não se misturavam foram obrigados a se juntar. Isso levou a uma promiscuidade tão grande que, passados quase 30 anos da transição democrática, a gente não consegue se livrar dessa maldição.

Virou um balcão de negócios?
Sim. E os programas partidários são quase idênticos. Aí você se pergunta: o que está em jogo na adesão do PTB à candidatura de Aécio Neves? Um minuto e 20 segundos de tempo de TV. No fim, é o que importa.

O que diz sobre o sistema político?
O sistema faliu há muito tempo. E tem um absurdo maior: as coligações nas eleições proporcionais, que garantem a sobrevivência dos nanicos. São alianças que se desfazem antes de os votos estarem contados.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Alianças incoerentes que visam só poder, seus privilégios e nada mais. O povo que se lixe.


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