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sexta-feira, 4 de abril de 2014

CÂMARA SUSPENDE SESSÃO SOBRE GOLPE MILITAR APÓS TUMULTO EM PLENÁRIO

Do G1, em Brasília 01/04/2014 17h48

Grupos contra e a favor dos governos militares trocaram acusações. Manifestantes viraram as costas quando deputado Bolsonaro foi à tribuna.

Felipe Néri





A Câmara suspendeu nesta terça-feira (1º) solenidade em plenário para lembrar os 50 anos do golpe militar depois de tumulto envolvendo grupos contrário e favoráveis a atuação dos militares.

A sessão foi interrompida quando duas mulheres que acompanhavam os discursos, uma que defendia os militares e outra que protestava contra o golpe de 1964, trocaram empurrões e beliscões. Uma das agressoras terminou derrubada no chão.


ESPECIAL "50 ANOS DO GOLPE MILITAR": a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, desencadeou uma série de fatos que culminaram em um golpe de estado em 31 de março de 1964. O sucessor, João Goulart, foi deposto pelos militares com apoio de setores da sociedade, que temiam que ele desse um golpe de esquerda, coisa que seus partidários negam até hoje. O ambiente político se radicalizou, porque Jango prometia fazer as chamadas reformas de base na "lei ou na marra", com ajuda de sindicatos e de membros das Forças Armadas. Os militares prometiam entregar logo o poder aos civis, mas o país viveu uma ditadura que durou 21 anos, terminando em 1985.

A briga entre as duas mulheres começou logo após um grupo favorável à ditadura levantar uma faixa na galeria do plenário que dizia: “Parabéns militares 31/março - graças a vocês o Brasil não é Cuba" (veja no vídeo abaixo o momento em que a faixa é levantada).



No mesmo instante, convidados à solenidade contrários ao golpe militar levantaram cartazes com a imagem de pessoas perseguidas pela ditadura e protestaram com gritos de “Assassinos!”. Os dois grupos trocaram acusações.

Uma mulher que se identificou como Ivone Luzardo, presidente da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas do Brasil, segurava um cartaz dentro do plenário que pedia “respeito e valorização aos profissionais militares”.


Em meio à gritaria dos protestos, a assessora parlamentar Rosa Ciminiano se aproximou e rasgou o cartaz de Ivone. O deputado Domingos Dutra (SDD-MA) se aproximou e tentou apartar a briga (veja vídeo ao lado).

Em meio à confusão, a sessão foi suspensa e reaberta minutos depois. As duas mulheres continuaram tentando se agredir, enquanto parlamentares e assessores tentavam separá-las. Ivone Luzardo acabou caindo no chão, onde ainda ficou por alguns instantes, deitada e chorando.

A Câmara suspendeu nesta terça-feira (1º) solenidade em plenário para lembrar os 50 anos do golpe militar depois de tumulto envolvendo grupos contrário e favoráveis a atuação dos militares (Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)

Nova interrupção
Após a retomada da sessão, continuaram os discursos em plenário. Depois de quatro parlamentares subirem à tribuna para criticar o período da ditadura militar, chegou a vez do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).

O parlamentar, conhecido defensor das Forças Armadas, vinha anunciando nos últimos dias que participaria da sessão para defender o governo militar, que durou de 1964 a 1985.

No momento em que Bolsonaro ia começar a discursar, grupos de parlamentares e convidados ligados a partidos de esquerda viraram as costas para o deputado fluminense.

Por sugestão do secretário-geral da Mesa, Mozart Vianna, servidor de carreira da Câmara, o deputado que presidia a sessão, Amir Lando (PMDB-RO), decidiu interromper mais uma vez a sessão.

Deputado Jair Bolsonaro acompanhou sessão sobre os 50 anos do golpe militar ao lado de manifestantes contrários à ditadura (Foto: Felipe Neri/G1)

A solenidade ficou suspensa por cerca de cinco minutos e, ao reiniciar, diante da continuidade do protesto dos críticos à ditadura, Amir Lando determinou a suspensão definitiva.

A Secretaria-Geral da Mesa aconselhou pela suspensão por considerar haver “comportamento inadequado” e “desrespeito” à Casa. Além de Bolsonaro, outros seis parlamentares ainda aguardavam para fazer pronunciamento.

“Tenho o conhecimento de que a democracia é conflito, mas se não houver aqui entendimento não posso prosseguir esta sessão com situação desrespeitosa [...]. A democracia é muito mais que o protesto. A democracia é, sobretudo, o diálogo. As partes têm que ouvir as outras, se não quiserem ouvir que se retirem. Se não tem solução, eu encerro a presente sessão”, declarou Lando.

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), aguarda
momento de falar enquanto colegas protestam
contra sua defesa da ditadura
(Foto: Andre Dusek/Estadão Conteúdo)

Clima tenso

Antes mesmo do início da solenidade, o clima na Câmara era de tensão. Na entrada do plenário, o deputado Amauri Teixeira (PT-BA) brigou com seguranças que tentaram barrar a entrada de estudantes. Os seguranças argumentavam que os estudantes precisavam de senha. O acesso foi permitido logo após os jovens mostrarem que tinham um número que identificava a autorização para participar.

Do lado de fora do plenário, momentos antes do início da sessão, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) já havia se envolvido em confusão. Durante uma entrevista a um grupo de jornalistas, chamou a repórter Manuela Borges, da RedeTV, de “idiota” e “analfabeta” – ela informou que entrará com queixa contra o parlamentar na Corregedoria da Casa.

Bolsonaro se irritou quando a jornalista questionou, por mais de uma vez, se ele estava dizendo que o golpe militar não existiu. Bolsonaro defende que o golpe foi iniciativa do Congresso, que destituiu do poder o ex-presidente João Goulart.

“Quem cassou João Goulart? Foi o Congresso no dia 2 de abril [...]. Não faça uma pergunta desse padrão”, disse Bolsonaro. “A história toda está contra o que você diz”, argumentou a jornalista.

“Você é uma idiota. Você aprendeu onde isso aí? Estou falando que está no 'Diário do Congresso'”, rebateu Bolsonaro. “Você é uma analfabeta [...]. Não atrapalhe seus colegas [jornalistas], você está censurada”, completou.

Na madrugada do dia 2 de abril de 1964, o então presidente do Congresso Nacional, Auro de Moura Andrade, convocou uma sessão extraordinária para declarar a vacância da Presidência da República sob o argumento de que o então presidente, João Goulart, havia abandonado o governo.

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