VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

DIREITO À INDIGNAÇÃO

ZERO HORA 06 de fevereiro de 2014 | N° 17696


EDITORIAIS


Há dois modos de encarar este início de ano turbulento para os brasileiros, com cenário econômico desfavorável, inflação batendo à porta, greves, apagões, carência de serviços básicos como água, luz e transporte, além da já cotidiana violência urbana. O primeiro é achar que o país não tem jeito mesmo, que os políticos só querem saber de seus interesses e que o Brasil jamais alcançará um estágio de desenvolvimento satisfatório. O outro é lutar para mudar tudo isso que está aí com trabalho, cidadania e participação efetiva nas decisões.

Todos sabíamos que o ano seria desafiador. As manifestações de rua de 2013 demonstraram claramente que um contingente enorme de pessoas, resgatado da pobreza pelos programas oficiais de distribuição de renda, passaria a exigir melhores condições de vida. As mensagens eram claras. Entre outras prioridades, os manifestantes clamaram por serviços públicos mais qualificados, combate à corrupção, instituições melhor sintonizadas com os interesses coletivos, espaço público apropriado e transparência na administração.

Passado o susto inicial, porém, governantes, representantes políticos e lideranças dos setores demandados parecem anestesiados em relação ao clamor das ruas. O apagão desta semana, que afetou 6 milhões de pessoas em 11 Estados, os trens paralisados que deixaram multidões sem transporte em São Paulo, a greve demasiada do transporte público em Porto Alegre, a falta de água e luz em diversos pontos do país, tudo isso evidencia o descaso do poder público com o bem-estar da população. E a contrapartida dos representantes políticos não está sendo adequada. Em vez de se unirem na busca de solução para os problemas, governantes e parlamentares parecem focados apenas nas alianças políticas para as eleições de outubro, como indica o verdadeiro escambo de cargos nas administrações federal e estaduais.

Ao descaso oficial com o bem-estar dos cidadãos somam-se demandas setoriais que, invariavelmente, resultam em mais transtornos para as pessoas que não estão diretamente envolvidas com elas. Por qualquer causa, grupos paralisam o trânsito, depredam veículos, ocupam prédios públicos e desafiam as autoridades. Acabam aumentando o sentimento de desamparo da sociedade.

Faz parte da democracia, é verdade.

Mas também é democrático e sensato dizer não para os abusos, exigir ação dos dirigentes políticos, cobrar serviços públicos qualificados e requerer proteção contra todas as ameaças à cidadania. O cidadão brasileiro, calado e acuado diante de tantos desmandos, não pode renunciar ao seu direito à indignação.

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