VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 8 de dezembro de 2013

A CABEÇA DO ELEITOR




ZERO HORA 08 de dezembro de 2013 | N° 17638


CLEIDI PEREIRA


Para decifrar o que passa na mente dos eleitores, faltando 10 meses para o pleito de 2014, ZH garimpou em pesquisas realizadas desde junho a opinião média sobre diferentes temas: da situação econômica do país, passando pela onda de protestos, até o desfecho do julgamento do mensalão. Pessimismo, conservadorismo e insatisfação são algumas características que se destacam na compilação dos dados.

Os brasileiros estão insatisfeitos com a qualidade dos serviços públicos, pessimistas em relação à situação econômica do país e preocupados com a violência e a corrupção. Essas são algumas conclusões que aparecem em nove pesquisas de opinião realizadas de junho a novembro pelos institutos Datafolha, Ibope e MDA.

Esse conjunto de dados, obtidos a partir de 24 mil entrevistas em todo o Brasil, indica como pensa o eleitor e ajuda a nortear a construção das estratégias dos partidos que pretendem disputar a Presidência em 2014.

Com posição conservadora em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, os eleitores também defendem a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Hoje, para tirar o sono da população, basta falar em saúde, segurança pública e impostos. Essas áreas são, por ordem, as piores avaliadas em relação ao governo federal, com índice de reprovação superior a 70%.

O descontentamento manifestado pela população não foi suficiente para frear a retomada do crescimento da popularidade da presidente Dilma Rousseff, que havia caído bruscamente depois dos protestos de junho. De acordo com o cientista político Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, de São Paulo, a explicação está no fato de a economia ser o principal fator de influência na aprovação do governo:

– Há insatisfação, mas a população também sabe que existem demandas que não são resolvidas rapidamente. Exemplo disso é o programa Mais Médicos, que tem uma aprovação altíssima, mas as pessoas sabem que ele não é suficiente para melhorar a saúde pública.

Diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari afirma que os levantamentos de opinião são uma espécie de termômetro do clima em que a eleição irá se inserir. Além disso, também servem para mostrar qual é a agenda da população e o que se espera em relação às áreas em que há maior preocupação.

– A pesquisa é o canal de comunicação entre governantes e governados, ela traduz os anseios da opinião pública, dando um plano de fundo para o governante montar suas estratégias ou para o candidato estruturar seu plano de governo, dando uma resposta às demandas.

Os partidos dos três pré-candidatos que aparecem melhor colocados nas pesquisas já traçam estratégias para utilizar as informações coletadas nas ruas ao seu favor.

Enquanto o PT de Dilma esboça um discurso na tentativa de justificar a manutenção dela no Palácio do Planalto, o PSB do governador Eduardo Campos (PE) e o PSDB do senador Aécio Neves (MG) procuram destacar a necessidade de mudança.



Partidos criam estratégias para captar o “desejo de mudança”

Os radares dos partidos já estão voltados para captar o desejo de mudança que aparece nas pesquisas eleitorais. Cada legenda tenta encaixar a insatisfação do eleitor em sua estratégia.

Para o secretário-geral do PT, deputado federal Paulo Teixeira (SP), o país precisa de um “novo ciclo de mudanças”. Por isso, as reformas política e tributária serão apresentadas como os grandes desafios de um segundo mandato de Dilma.

Como trunfos do governo, o parlamentar destaca a retirada de mais de 20 milhões de pessoas da miséria, a aprovação do programa Mais Médicos pelos brasileiros, o ganho de renda do trabalhador e a geração de 20 milhões de empregos.

– A força política que hoje tem condições de dar respostas aos anseios da população é o PT e os seus aliados – diz ele.

Na opinião de Teixeira, o clima de pessimismo em relação à economia é criado por quem “vive de renda e juros” e teve perdas.

Já para o segundo vice-presidente nacional PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), as pesquisas mostram uma insatisfação com resultados.

– O setor público e os poderes estão no analógico, e a sociedade, totalmente no digital. É preciso alterar esse modo de relação e ampliar a transparência e o diálogo com a sociedade.

Beto acredita que a eleição de 2014 terá que tratar de uma agenda para o Brasil, o que não ocorreu no último pleito presidencial. Segundo ele, a ausência de um debate relativo às questões estruturais do país é uma das razões desta explosão de descontentamento. A gestão eficiente de pastas, programas e recursos públicos será defendida pelo PSB como a maneira de satisfazer a sociedade.

Na opinião do segundo secretário nacional do PSDB, deputado Nelson Marchezan Jr. (RS), os levantamentos apontam uma “sensação de injustiça”, pois a população não vê o retorno dos impostos que paga. Ele avalia que, apesar de Dilma estar na frente nos índices de intenção de voto, mais de 50% dos brasileiros querem mudanças.


“A população quer modificação na forma de governar”


Para o cientista e consultor político Rubens Figueiredo, diretor-geral do Centro de Pesquisa, Análise e Comunicação (Cepac), as pesquisas identificam, entre os brasileiros, o desejo de mudança na forma de se governar o país.

Zero Hora – As pesquisas estão apontando insatisfação com serviços públicos e pessimismo em relação à economia, além de preocupação com a corrupção e a violência. Qual é o recado dos eleitores?

Rubens Figueiredo – O que as pesquisas mostram, grosso modo, é que a população quer uma modificação na forma de governar – o que não significa que ela queira um novo governo, pois, se quisesse, escolheria candidatos da oposição. Há um descolamento, pois a presidente Dilma Rousseff, que representa esse quadro que as pessoas acham que está ruim, é favoritíssima nas pesquisas.

ZH – O que explica esse paradoxo?

Figueiredo – O eleitor tem uma memória recente da ascensão social – que ampla parcela do eleitorado viveu – e a presença do governo e da Dilma na mídia é algo que não encontra paralelo no mundo. Você tem o governo gastando algo em torno de R$ 2 bilhões em publicidade e mais essa rede de comunicação que eles criaram, com a TV estatal, rádios, internet. É como se eleitor quase não enxergasse alternativa.

ZH – Qual é a importância destes levantamentos para os eleitores e, também, para os partidos e candidatos?

Figueiredo – Esses dados são percebidos com maior atenção pelos quadros dos partidos, pelos formadores de opinião, pelos intelectuais. Ninguém decide seu voto vendo nas pesquisas que a situação do país é avaliada como ruim. Infelizmente, o nosso eleitorado é muito pouco escolarizado e pouco informado. Agora, para os estrategistas, para as lideranças partidárias, para a imprensa e para o meio acadêmico, isso é muito importante, porque pode sinalizar o que virá a acontecer.







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