VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

CHANCE PARA A ÉTICA

ZERO HORA 03 de setembro de 2013 | N° 17542


EDITORIAIS


É difícil imaginar que, mesmo depois do rechaço popular à decisão da Câmara de preservar mandato de um presidiário já condenado por corrupção, o Congresso se disponha a aprovar a reforma política cobrada nas ruas, muito menos no período de um mês que ainda resta para ser válida já nas eleições do próximo ano. Ainda assim, há alternativas à disposição. Uma das mais coerentes é a defendida pelo movimento Eleições Limpas, o mesmo que deflagrou a vitoriosa campanha precursora da votação da Lei da Ficha Limpa. A proposta, defendida por 51 entidades e que já conta com o aval de políticos influentes, enfrenta questões essenciais para assegurar mais ética na política, como a do financiamento de campanhas proibindo, por exemplo, doações de empresas e impondo um limite às contribuições de pessoas físicas. Trata-se, na prática, da mesma ideia defendida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que, aliás, faz parte do movimento. Se fosse adotado, esse modelo permitiria a redução da margem para desvios e estimularia os políticos a buscar contato mais permanente com suas bases, às quais caberia custear suas iniciativas em busca de eleição.

Evidentemente, uma mudança necessária e inadiável como o fim das doações de pessoas jurídicas terá, como impacto imediato, a redução dos custos das campanhas eleitorais, incluindo os fantásticos valores hoje pagos para produção de materiais de propaganda em versões impressa e eletrônica. Outros gastos, como aluguel de jatinhos, pagamento de cabos eleitorais e organização de megacomícios, terão de ser redimensionados. Tudo isso resultará em vantagem para o eleitor, uma vez que cessará a atual corrida do ouro pela qual os candidatos abraçam, muitas vezes de forma sub-reptícia, as causas defendidas pelos patrocinadores mais abastados. Assim, teremos campanhas eleitorais com menos ênfase em estratégias de marketing, que na maioria das vezes só servem para dissimular a ausência de ideias e valores.

Um dos méritos da proposta é o de ser diferente de tudo que já tramitou no Congresso sobre o tema. Do ponto de vista do processo legislativo, o projeto não exige a aprovação de emendas constitucionais, mais difíceis de se aprovarem, mas apenas de projetos de lei, que tramitam de forma ordinária. Não se trata, igualmente, de corrigir todas as deformações da política. Essa é uma tarefa que cabe aos cidadãos e não pode ser cumprida por meio de soluções mágicas e instantâneas. Normalmente, esse tipo de avanço depende de educação e amadurecimento, e não é ingênuo afirmar que o Brasil já deu passos consideráveis nesse sentido. O modelo sugerido acena, porém, com modificações que facilitam a melhoria do quadro político e partidário em nosso país. Por isso, depois de escárnios como a manutenção do mandato do deputado Natan Donadon, decisão suspensa ontem por ministro do STF, líderes políticos têm um mês para encarar propostas como a do movimento Eleições Limpas, fornecendo uma resposta à sociedade já para as eleições de 2014. O primeiro passo é dar margem para que possa ser debatida e aperfeiçoada no Congresso.


Nenhum comentário: