VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

PODERES EM DESARMONIA


Jorge Bengochea


Num certo mundo da fábula, o Leão, a Coruja e o Avestruz governavam uma democracia emergente. O Leão foi eleito pela força, a Coruja pela sabedoria e o Avestruz pela elegância e promessas. Neste mundo havia uma constituição que determinava a necessidade dos três trabalharem com autonomia, harmonia e em conjunto. O problema era que a lei era muito volumosa, assistemática, detalhista e com dispositivos contraditórios, exigindo  mudanças a todo o momento. Além de tudo estabelecia muitos direitos, poucos deveres, privilégios aos três governantes, muito assistencialismo e pouco trabalho para a maioria da fauna. Com relação à defesa, a lei atendia apenas a defesa dos governantes.

A Governança era complicada, pois o Leão sempre tentava impor a sua vontade e fazia do Avestruz um parceiro leal, mas esfomeado. O Avestruz não queria muito trabalho, aceitava as interferências do Leão e da Coruja e, nas crises, afundava a cabeça em qualquer buraco. A Coruja, por sua vez, gostava de se manter em cima do muro, nos ramos de uma árvore ou em cima de qualquer tronco, trabalhando apenas quando era exigida. Ela tinha ainda que suportar as omissões do Avestruz e o descaso do Leão, por este motivo demorava nas decisões, provocando uma sobrecarga de trabalho e descrédito no seu trabalho.

As consequências eram terríveis, já que os animais não tinham condições para se desenvolver por falta de orientação. Quando machucados, não havia recursos para tratamento e socorro. Quem trabalhava era obrigado a custear a maquina do governo e os acomodados viviam cheios de bonificações. As relações entre os coletivos eram difíceis, já que tinham aqueles que matavam, outros que se apropriavam das coisas dos outros e os que brigavam seguidamente por motivos fúteis. As cadeias eram apenas tocas transitórias com muitas saídas.

A Coruja se limitava a mediar causas e aconselhar os animais envolvidos, punindo com medidas leves os animais violentos.  Ela não podia contar com o Avestruz e nem com o Leão, pois um só enxergava comida e o outro só se preocupava em manter o reinado. Quando alguém reclamava, a Coruja e o Avestruz empurravam a responsabilidade para o Leão como se ele fosse o único governante. Como o Leão nunca tinha tempo para dialogar e não queria gastar recursos nestas contendas, ele acabava agindo pela força ou com medidas simplórias e pontuais.  Assim, a violência crescia e as crises se repetiam; a insegurança consumia a todos e vidas se perdiam; os direitos eram sonegados e as criticas viravam protestos; os serviços faliram e a lei virou apenas um texto em papel, sem aplicação ou aplicação pela metade. Mas nada disto constrangia o Leão, a Coruja e o Avestruz, cegados pela  fonte de renda e privilégios que o poder produzia.

Qualquer semelhança é sim muita coincidência.


Nenhum comentário: