VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 25 de junho de 2013

A RESPOSTA POSSÍVEL

ZERO HORA 25 de junho de 2013 | N° 17472


EDITORIAIS



A primeira conclusão que se pode tirar dos anúncios feitos pela presidente Dilma Rousseff na reunião que teve ontem com governadores e prefeitos das 27 unidades federativas do país é que o governo federal entendeu a gravidade do momento e está dando a resposta possível, ao anunciar a convocação de um plebiscito para promover a reforma política e outros pactos destinados a qualificar os serviços públicos. É preciso saber escutar as vozes das ruas. É preciso que todos, sem exceção, entendam esses sinais com humildade advertiu a presidente, que defendeu a convocação de uma Constituinte exclusiva para implementar as mudanças políticas exigidas nas manifestações.

Embora a pauta dos manifestantes seja fragmentada, alguns pontos são claros e objetivos. Exatamente estes foram escolhidos pela presidente para dar respostas pontuais e aparentemente factíveis, por meio de pactos nacionais. Diante do clamor contra a corrupção e do medo da inflação, por exemplo, o governo acena com um pacto pela responsabilidade fiscal, que obrigará os administradores públicos a serem austeros nos seus gastos e contribuir na estabilidade da economia. Para atenuar o gravíssimo problema das deficiências da saúde pública, o governo oferece um pacto pela saúde, que terá como principais pontos o aceleramento de investimentos já contratados em hospitais e do programa de troca de dívidas por atendimento nos hospitais filantrópicos. Também faz parte deste item a polêmica contratação de médicos estrangeiros para suprir a carência de profissionais em regiões afastadas dos grandes centros urbanos.

A qualidade do transporte público merece atenção especial, num pacto que prevê a destinação de R$ 50 bilhões em novos investimentos em obras de mobilidade urbana. Dilma também anunciou a criação do Conselho Nacional de Transporte Público, com participação da sociedade civil. Não incluiu, porém, a sugestão do governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, para a criação de passe livre para estudantes nas principais cidades do país. Em relação à educação de qualidade, que também aparece fortemente entre os pleitos dos indignados brasileiros, a presidente renovou as promessas por uma reforma que inclua escola em tempo integral, ensino profissionalizante, Ensino Superior de qualidade, pesquisa e salários dignos para professores. Este ainda está no terreno das promessas.

Da palavra da presidente à ação ainda há muito terreno a percorrer, mas não há dúvida de que esse pronunciamento à nação, com o respaldo dos governantes de todos os Estados, deve ser interpretado como resposta concreta ao grito de revolta da nação. Os manifestantes que ocupam ruas e praças do país, liderados por jovens universitários, querem acima de tudo ser ouvidos. A presidente Dilma Rousseff deixou claro ontem que o governo federal está atento e disposto a dialogar com todos os segmentos que somaram suas vozes ao clamor das ruas, menos, evidentemente, com quem prefere o vandalismo e as depredações à negociação. Resta esperar, agora, que os manifestantes também ouçam essas primeiras respostas do governo e as avaliem com sensatez, aceitando-as, rejeitando-as ou fazendo os aperfeiçoamentos que julgarem necessários.

O Brasil precisa sair desse impasse o quanto antes, e de modo que todos saiamos ganhando. O surgimento de uma nova força social, representada por pessoas que não se sentem representadas pelas atuais estruturas políticas, exige mesmo um relacionamento diferenciado entre governantes e governados. Desde que preservemos a democracia e o Estado de direito, todas as ideias são bem-vindas – mesmo a inédita convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva em tempos de normalidade democrática, como a história do país ainda não havia registrado.

Que ouvir o povo – e buscar soluções para suas demandas – passe a ser rotina nesta nova nação que os jovens manifestantes bem-intencionados pretendem construir.

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