VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 26 de maio de 2013

VERDADEZINHAS INCÔMODAS


ZERO HORA 26 de maio de 2013 | N° 17444


EDITORIAL INTERATIVO


Ao disparar, na última terça-feira, mais uma rajada de sua metralhadora verbal, o ministro Joaquim Barbosa atingiu em cheio o Congresso Nacional e colateralmente os partidos políticos. As observações do presidente do Supremo Tribunal Federal causaram indignação de parlamentares e lideranças partidárias, mas arrancaram sorrisos irônicos de concordância da maioria dos cidadãos. O que disse o magistrado? Que o Congresso é dominado pelo Executivo e não exerce em sua plenitude a prerrogativa que a Constituição lhe atribui, que é o poder de legislar. Disse também que o país tem partidos de mentirinha e que os brasileiros não se identificam com as legendas que os representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais, por não verem consistência ideológica e programática em nenhuma das agremiações.

Se considerarmos sua condição de chefe de um dos poderes da República, talvez o ministro Joaquim Barbosa não devesse ter dito publicamente o que disse na palestra para estudantes de uma universidade de Brasília. Com sua reconhecida (e temida) franqueza, ele criou um atrito desnecessário com o parlamento e estimulou o sentimento de rejeição às agremiações políticas, o que não chega a ser saudável numa democracia. Mas é inquestionável que falou a verdade: o Congresso tem demonstrado excessiva submissão ao Executivo, e os partidos políticos, com raríssimas exceções, têm pouco crédito com a população.

Todos sabemos que é fácil bater no Legislativo, por ser o poder mais exposto e mais vulnerável a críticas. O espancamento pode até ser merecido em muitos casos, mas sempre é bom lembrar que o parlamento representa, sim, a vontade dos cidadãos, que a cada quatro anos têm a oportunidade de renovar suas escolhas – diferentemente dos ministros do Supremo, que são escolhidos pelo presidente da República. Já dos partidos políticos não se pode dizer o mesmo: são tantas as siglas e tão confusos seus programas, que muitos brasileiros nem sequer sabem a quais legendas pertencem os candidatos propostos. A maioria das pessoas não se sente mesmo representada no espectro partidário atual. Mesmo as agremiações de linha programática mais definida costumam renunciar a seus compromissos quando assumem o poder, muitas vezes estabelecendo alianças com antigos adversários, sob o pretexto de garantir a governabilidade. Essa estratégia passa ao cidadão a percepção de que todos são iguais.

Não se pode querer que os partidos políticos briguem entre si o tempo todo, sem transigir nem formar alianças em nome do interesse público. Mas é imprescindível que tenham identidade própria e que se comprometam com ideias e projetos para conquistar a confiança do eleitorado. Enquanto houver siglas de aluguel, formadas apenas para viver à sombra do poder ou para negociar prerrogativas, o povo terá motivos para desconfiar – e a crítica do ministro Joaquim Barbosa receberá total aprovação.



O editorial acima foi publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na sexta-feira, com links para Facebook e Twitter. Os comentários selecionados para a edição impressa mantêm a proporcionalidade de aprovações e discordâncias entre as 74 manifestações recebidas até as 18h de sexta. A questão proposta aos leitores foi a seguinte: Editorial critica falta de identidade dos partidos políticos. Você concorda?

Plenamente de acordo com o que disse o eminente presidente do STF. O fisiologismo político no Brasil simplesmente campeia. É como diz um amigo conterrâneo lá do Quaraí: “Tudo farinha do mesmo saco”. É compreensível, portanto, o colossal atraso do nosso país. Reformas políticas? Mas, como, se os próprios políticos não se reciclam? Nos tratam como se todos fôssemos uns otários. Até quando?

Ari Quadros – Santa Maria (RS)

Não só concordo com o editorial mas também com a opinião do ministro Joaquim Barbosa, que se refere aos partidos como de “mentirinha”. De fato, os partidos políticos no Brasil são “anaideológicos”, clientelistas e fisiologistas, submissos ao Executivo para, mediante barganha, aprovarem o que o Executivo deseja.

Renato Inda – Uruguaiana (RS)

Infelizmente para nós, cidadãos brasileiros, tanto o ministro Joaquim Barbosa quanto este editorial estão certíssimos. Os políticos brasileiros, com raríssimas exceções, estão igualados no único interesse que os motiva: ajeitar a própria vida às custas dos impostos extorquidos da população.

Graça Almeida – Porto Alegre (RS)

Concordo. Qual é o percentual da população, que entende um pouco de política? Os abaixo-assinados para criação de partidos são realizados por pessoas, na sua maioria, apenas para agradar a quem solicita e, a partir disso, surge uma nova legenda. Precisamos mudar essa lei, considerando o número de afiliados a essa nova sigla. A todo momento é criado um novo partido, já temos 30 siglas. As alianças na sua maioria são realizadas em nome do corporativismo, é só avaliar os assuntos discutidos na Câmara e no Senado. O custo Brasil com a política deve ser um dos maiores no mundo, e quem sustenta tudo isso é o povo através dos impostos.

Roberto Mastrangelo Coelho – Porto Alegre (RS)

Concordo plenamente, a maior prova da falta de identidade são as coligações partidárias e as manobras feitas na hora de aprovar ou vetar projetos, uma aberração.

Deoclécio Rogério Zago

Não concordo com o editorial de ZH que diz faltar identidade aos partidos políticos. Em minha opinião, os partidos são bem claros no que se propõem e na forma de atuação. O que falta é vergonha na cara de certos políticos, que são as verdadeiras maria vai com as outras. Quando, há 20 anos, o Lula disse que na Câmara havia 300 picaretas, ele não estava fazendo nenhuma profecia. Estava dando a real. Nessa escola, muitos políticos fizeram pós-graduação. E no Senado, onde reinam Sarney e Renan, a coisa não é diferente.

Walter Soares – Porto Alegre (RS)

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