VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A FORÇA NORDESTINA NO CONGRESSO

ZERO HORA 10 de fevereiro de 2013 | N° 17339

BANCADA ARRETADA

A posse de líderes de Alagoas e do Rio Grande do Norte no comando da Câmara e do Senado expõe a habilidade política da região


Raros deles são do tipo de parlamentar que circula pelo Salão Verde da Câmara com calma, aos sorrisos e gestos largos para colegas e jornalistas. Comum é vê-los apressados, com papéis na mão, celular no ouvido e um assessor a tiracolo. Se não olhar rápido para o button na lapela, identificando que o sujeito é um parlamentar, você perderá a passagem de um membro da bancada do Nordeste.

A discrição não significa que os deputados e senadores da região não se destaquem. Eles são admirados pela atuação eficiente e pragmática na liberação de emendas, bem como pela liderança mais evidente do que nunca no comando das Casas. A região fez dobradinha na Câmara, com Henrique Eduardo Alves, do Rio Grande do Norte, e no Senado, com o alagoano Renan Calheiros, ambos do PMDB.

Não é uma coincidência. Desde a década de 1980, oito dos 18 presidentes da Câmara foram da região. Alguns saíram da Mesa Diretora direto para o folclore político, como o cearense Paes de Andrade, famoso por mobilizar o avião presidencial para visitar a sua cidade natal quando assumiu interinamente o Planalto, em 1989, e o pernambucano Severino Cavalcanti, que renunciou ao mandato após denúncia de recebimento de propina, em 2005.

No Senado, nove dos 20 mandatos foram ocupados por nordestinos, sem contar os quatro turnos de José Sarney (PMDB), maranhense que concorre pelo Amapá.

Além de serem figuras “mais discretas e maleáveis”, conforme o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), parlamentares do Nordeste costumam ter ligação direta com seus municípios.

– No Nordeste, a qualidade do deputado é medida pela quantidade de recursos que ele consegue. O prefeito sabe exatamente qual é o deputado que ele precisa acionar para conseguir um recurso – completa Marcelo Castro (PMDB), do Piauí, Estado com apenas 10 deputados federais.

À exceção da Bahia – com 39 parlamentares e onde, segundo o deputado João Leão (PP-BA), “se o cabra não viajar, não se reelege” –, os representantes dos demais Estados contam com bases políticas mais concentradas. Isso permite mais tempo em Brasília, participando de comissões e estreitando relações em ministérios.

– Às vezes, vale mais se dedicar a uma rodada de jantares em Brasília uma vez por mês do que viajar toda semana para meu Estado – diz Lira.
CAUE FONSECA


Interesses em comum pautam ação conjunta

Uma sala específica, no anexo IV da Câmara, faz os parlamentares do RS invejarem os colegas do Nordeste. É onde se reúnem mensalmente representantes da região, com o objetivo de tratar de interesses comuns.

– A união é uma característica deles. Lá nos Estados, eles se matam, aqui eles se juntam – diz o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).

Além da proximidade geográfica – que leva os deputados a terem obras de infraestrutura em comum –, os nordestinos se unem nas votações para poderem fazer frente a unidades com mais representantes. Os nove Estados somam 151 deputados. Sozinho, São Paulo tem 70.

Atualmente, um tema é prioridade entre parlamentares da região: a distribuição dos royalties do petróleo. Mas há outras questões em pauta.

– Na última reunião, discutimos a necessidade de faculdades de Medicina, porque o profissional se forma em outros lugares e não quer trabalhar lá – diz Gonzaga Patriota (PSB-PE).

Em 2011, parlamentares da Região Sul tentaram mobilizar uma bancada dos três Estados, liderada por Paulo Pimenta (PT-RS), Edinho Bez (PMDB-SC) e Lúcio Giacobo (PR-PR). Uma reunião foi realizada em Florianópolis, mas a ideia não prosperou.

– O pessoal do Nordeste é articulado. Como presidente da Comissão de Orçamento, era só eu receber um projeto relacionado a uma obra de lá, que já vinham juntas três cartinhas de deputados querendo ser relatores. Agora, me pergunta quantas recebi do Rio Grande do Sul? – questiona Pimenta.

O ponto negativo do pragmatismo nordestino é a troca de lado por conveniência, fato que esvaziou a oposição. Filho do senador Agripino Maia (DEM-RN), o deputado Felipe Maia reclama do fisiologismo dos colegas:

– Emenda parlamentar não deveria ter partido, mas na prática não é assim.







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