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domingo, 6 de janeiro de 2013

PREFEITOS DE PIRES NA MÃO

REVISTA ISTO É, N° Edição: 2251  06.Jan.13 - 18:18

Os novos prefeitos passam o pires

Alto endividamento compromete a capacidade de investimento das principais cidades do País e obriga os mandatários recém-eleitos a pedir socorro ao governo federal

Pedro Marcondes de Moura

PROBLEMA DE R$ 58 BI
Haddad (à esq.) terá de renegociar dívida paulistana para implantar projetos de campanha

A cerimônia de posse do petista Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo foi marcada por um alerta de seu antecessor. Ao passar o cargo na terça-feira 1º, o ex-mandatário paulistano Gilberto Kassab (PSD) fez um diagnóstico sobre a condição em que se encontra o caixa da maior cidade do País. “A situação financeira do município é extremamente difícil”, disse Kassab. “A dívida com a União é impagável. As prestações, com juros inadequados, passam dos R$ 4 bilhões anuais, prejudicando nossa capacidade de investimento.” O alto endividamento não é exclusividade da capital paulista. A maioria dos administradores das grandes cidades brasileiras enfrenta dificuldade em encontrar recursos para obras ou projetos em suas contas. O problema, porém, é mais grave em lugares como Salvador, Curitiba, Campinas e Manaus. Em São Paulo, há meses o staff de Haddad estuda meios para levantar recursos capazes de custear promessas de campanha. Para dar uma ideia da encrenca que o novo prefeito paulistano terá pela frente: um dos carros-chefe da propaganda petista, o plano urbanístico “Arco do Futuro”, que em linhas gerais consiste no desenvolvimento de regiões periféricas, custaria R$ 20 bilhões.


NA PRÓPRIA PELE
Reeleito prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) anunciou
cortes em despesas, apesar dos investimentos em alta

Em discursos depois de empossado, Haddad afirmou que contornar a dívida do município se tornou uma das prioridades de sua gestão. Atualmente, São Paulo deve cerca de R$ 50 bilhões ao governo federal A cidade gasta impressionantes 13% de sua receita líquida real para custear o empréstimo, que virou uma bola de neve em razão do índice de correção aplicado. “Nós não podemos conviver com uma dívida que é 200% da nossa arrecadação”, declarou o novo prefeito. Para renegociar a dívida, ele conta com as credenciais de quem, além de ter ocupado a chefia do Ministério da Educação nos governos Lula e Dilma, se firmou nas urnas como uma liderança estratégica do PT pós-mensalão. Se fizer sucesso na prefeitura, Haddad vai liderar o projeto político da sigla no Estado. Um deslize, no entanto, jogaria por terra os planos da legenda de vencer a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, em 2014. Outra determinação do novo prefeito aos seus secretários é mapear recursos e projetos federais que possam ser trazidos para a capital paulista. Na semana passada, Haddad declarou que pretende ampliar o cadastro do Bolsa Família e a presença do programa Minha Casa Minha Vida na cidade.



Mesmo líderes oposicionistas ao governo federal pretendem bater à porta do Planalto em busca de recursos. É o caso do ex-deputado federal e prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Há cerca de um mês, ele participou de um encontro oficial em Brasília com a presidenta e o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Na pauta, o aumento da destinação de verbas para Salvador. ACM disse que vai adotar medidas severas para preservar os cofres da capital baiana. Cortou despesas com cargos de confiança e anunciou a revisão de contratos firmados pelas administrações que o antecederam. Eleito prefeito de Manaus, o tucano Arthur Virgílio Neto foi outro mandatário de capital a cortar despesas com pastas e funcionários comissionados. Para o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), o caos financeiro das grandes cidades tem uma lógica. Segundo ele, as desonerações promovidas pelo governo federal para combater os efeitos da crise econômica afetaram diretamente o Fundo de Participação dos Municípios, fonte de transferência obrigatória de recursos da União às cidades. “Aí vira uma equação simples”, diz Barreto. “Quanto menos verba chega, mais as prefeituras ficam dependentes dos programas, repasses e da simpatia da burocracia federal.”


NO ESCURO
Prefeito de Salvador, ACM Neto, analisa contratos firmados pelo antecessor

Até candidatos reconduzidos ao cargo aderiram à contenção de custos. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), anfitrião dos Jogos Olímpicos de 2016, anunciou um pacote de redução de gastos durante a cerimônia de posse. A lista vai desde um corte de dez pontos percentuais nas gratificações em todas as secretarias até a diminuição de mais de 15% no valor pago por veículos alugados pela prefeitura ou entidades públicas cariocas. “Todo governo vai acumulando gorduras e o meu deve ter acumulado também”, declarou o prefeito. “O corte é para que os secretários reflitam sobre o que é de fato necessário e essencial.” Paes garantiu que a economia gerada com a diminuição das despesas será empregada em investimentos. Se bem usado, o dinheiro vai significar um capital e tanto para o seu futuro político.

Fotos: Mister Shadow; Daniel Marenco/Folhapress; Leogump Carvalho/Frame


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