VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

CPI PERDEU CHANCE DE MELHORAR IMAGEM DO PARLAMENTO


JORNAL DO COMERCIO, 20/12/2012

EDITORIAL 


Praticamente terminou, no Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento dos acusados no mensalão. Apesar da rebeldia despropositada do presidente da Câmara, Marco Maia, cabe ao STF a última palavra, ou ele deixaria de ser o Supremo. No mensalão, foram tantas as evidências que não houve como não condenar. O inolvidável Oswaldo de Lia Pires disse que “não tinha medo de 50 provas, porque, de fato, quem tem 50 é porque não tem nenhuma prova consistente. Preocupa-me se houver apenas uma prova, pois aí ela será robusta e poderá servir para condenar”. Mesmo assim, a maioria da população não acreditava em punição. Porém, ocorreu, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, um vexame jurídico-parlamentar. Não deu em nada a CPI, apesar das provas irrefutáveis e dos depoimentos comprometedores.

Acreditamos na retidão e na isenção dos ministros do STF. O trabalho foi longo, mas é a lei que determina. O direito à ampla defesa é sagrado, e foi dito que é mil vezes preferível um culpado solto do que um inocente na cadeia. O agora ex-senador Demóstenes Torres foi cassado, e isso enviou uma mensagem positiva para o Brasil. Logo ele, um promotor público e considerado, por um bom tempo, como o paladino da ética e da moral no Parlamento. O Brasil tem dessas ambiguidades.

Mas não vamos nos iludir, pois os Poderes da República são compostos por gente como a gente, com a nossa média de virtudes e defeitos. Desta forma, é importante que nos preocupemos mais com a nossa consciência do que com a nossa reputação, porque a consciência é aquilo que realmente somos, e a reputação é o que os outros pensam de nós. E o que os outros pensam sobre nós é problema deles. Interessante, na CPI do Cachoeira, só havia “inocentes”. O mensalão, para alguns, foi uma invenção espúria para macular pessoas acima de qualquer suspeita, se é que elas existem, pois nós todos temos fraquezas. A diferença é lutar contra elas e nos mantermos na mediana das pessoas honestas.

A opinião pública está em cima, a imprensa divulga fatos e mais fatos encriminando certos parlamentares e suas ligações perigosas com Carlos Cachoeira. Por isso que, no imaginário dos brasileiros, as CPIs estão completamente desmoralizadas. Não por elas em si, mas pelos resultados jamais alcançados. Ou seja, na sua instalação, muito discurso e palavras duras contra os desmandos que as motivaram. Com o passar dos dias, depoimentos insossos, ausências, negativas óbvias - no Brasil ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo... - e, lentamente, o assunto é superado por novas pautas. Meses depois, lacônicas conclusões com afirmações genéricas, nenhum culpado e encerra-se o ato que mais beirou ao burlesco do que à apuração dos fatos, como prometido. A culpa é do Judiciário, da imprensa e da oposição pelo que está ocorrendo no submundo dos engravatados, que desviam o erário de maneira sistemática ano após ano. O falecido Millôr Fernandes bradava: “Viva o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril”. Demonstrava sua descrença em algumas atitudes políticas.

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