VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 16 de setembro de 2012

O MARKETING DO DEBOCHE

ZERO HORA 16 de setembro de 2012 | N° 17194

EDITORIAL

As campanhas eleitorais, que se aprimoram a cada pleito, com a evolução de normas e costumes proporcionados pelo exercício da democracia, ainda convivem com distorções que em nada contribuem para a qualificação da política. O marketing das aberrações, com a adoção de apelidos e slogans que ultrapassam o simples exotismo, amplia-se especialmente nas eleições proporcionais para casas legislativas. Uma observação complacente e distanciada pode atribuir tal fenômeno ao aprendizado estimulado pela liberdade de expressão num meio que conviveu por tanto tempo com as mordaças da censura e da repressão. Não é bem assim. A política brasileira já deveria ter superado essa prática apenas aparentemente ingênua de oferecer a tribuna da propaganda eleitoral a quem se apresenta à população com os discutíveis recursos do escárnio, do deboche e do rebaixamento da própria política.

Num momento em que, sob o impacto do julgamento do mensalão, o país assiste, de alguma forma, a um júri bem mais amplo, que põe em questionamento a face mais sombria dos políticos, as campanhas sustentadas por grosserias são um estorvo e um péssimo exemplo para os mais jovens. Recorrem a um humor questionável, aborrecem, massacram o português, atrapalham e ocupam um espaço nobre, no rádio e na TV, pago por todos. Que contribuição têm a dar os candidatos que se exibem publicamente com zombarias e muitas vezes com a depreciação explícita do próprio pretendente a um cargo? Com que objetivo disseminam-se pelo Brasil as cópias de Tiririca, muitas das quais utilizando as mesmas frases que tornaram famoso e ajudaram a eleger deputado federal um palhaço incapaz, como ele mesmo confessou, de entender suas atribuições e o que se passa em Brasília?

Por mais tolerância que se tenha, não há como ver serventia em tanta deformidade. Também é duvidosa a tese de que tais candidatos são, para o bem e para o mal, expressões da sociedade. Se de fato o fossem, não fracassariam na empreitada da eleição, da qual raros saem vitoriosos, em alguns casos como representantes de desiludidos com as estruturas formais da política e da democracia. São, contraditoriamente, eleitos pelos que, por convicção ou desinformação, não veem na representação parlamentar um instrumento capaz de acolher, refletir e deliberar sobre as demandas do país, dos Estados e das cidades. A política é aviltada, sob o patrocínio de partidos que deveriam enobrecê-la. Não se trata de sugerir a censura, mas de exigir das agremiações uma postura coerente com seus programas e seus eixos programáticos, quando esses de fato existem.

As campanhas têm evoluído no Brasil por conta do aperfeiçoamento do regramento legal, estabelecido pela Justiça Eleitoral e resultante de entendimentos com os partidos. O pretenso humor de certos candidatos é um retrocesso. A política vem requerendo mais seriedade, para que se qualifique e expresse as aspirações de todos, e não só de quem está habilitado a votar. Os imitadores de Tiririca seriam mais adequados em outros palcos e com os custos de suas brincadeiras bancados pelos próprios bolsos, para que a sempre questionada propaganda eleitoral mereça o respeito que reivindica. Que contribuição têm a dar os candidatos que se exibem publicamente com zombarias e muitas vezes com a depreciação explícita do próprio pretendente a um cargo?

Nenhum comentário: