VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A LÓGICA DA MÁFIA

 
ZERO HORA 05 de setembro de 2012 | N° 17183. ARTIGOS

Fernando Mottola*

Quando o ministro Gilmar Mendes denunciou que Lula havia tentado cooptar o seu voto, algumas semanas antes de o STF começar a julgar o mensalão, muita gente achou que ele estava mentido. Pois agora, emprestando veracidade ao relato do ministro, lê-se que dirigentes do PT criticam a presidenta Dilma por não ter tentado aliciar os ministros Luiz Fux e Rosa Weber, indicados pelo seu governo para comporem a Suprema Corte (ZH de 3 de setembro, pág. 6).

Essa visão despudorada e mafiosa – “tu estás aí graças a mim; fiz-te um favor, mostra-te grato” – não chega a ser uma surpresa. Uma Justiça subserviente sempre foi o sonho de bandidos de todas as cores e matizes, e o tamanho dos escândalos que têm marcado as administrações petistas mostra que o partido assumiu o comando da nação formatado como “quadrilha ou bando”, nos moldes que o artigo 288 do Código Penal define com constrangedora clareza. É evidente que para muitos dos seus militantes a ética é um compromisso de vida. Mas também é evidente que, para um bom número de dirigentes, essa palavra não passa de um artifício de retórica para engambelar incautos.

A cobrança que esses dirigentes hoje fazem de Dilma empresta total credibilidade à denúncia de Gilmar Mendes, e mostra que essas pessoas, Lula incluído, fazem da palavra “democracia” o mesmo uso cafajeste que da oração de São Francisco – “é dando que se recebe” – fez um político no final do século passado para justificar uma cabeluda bandalheira!...

Uma das piores características do Brasil moderno é a capacidade de confundir ideias e conceitos. Li que o defensor de um dos réus do mensalão, classificado como “uma estrela petista”, teria afirmado que “todo revolucionário se prepara a vida inteira para a possibilidade de ser preso” (ZH de 3 de setembro, pág. 6). A frase seria preciosa se a prisão fosse consequência de uma atividade revolucionária, mas é desprezível quando ela decorre de um reles crime comum...

Ao fim e ao cabo, menos mal que a presidenta Dilma apareça no episódio como alvo de críticas. Porque, dos homens e mulheres honrados desta pobre terra, ela, pela omissão apontada pelos dirigentes do seu partido, só merece admiração e elogios!

*Desembargador aposentado do TJRS

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