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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

TESOUREIROS EM APURO

REVISTA ISTO É N° Edição: 2233 27.Ago.12 - 10:11

Julgamento do mensalão agrava a má fama dos arrecadadores de dinheiro para campanhas eleitorais e faz com que empresas hesitem em doar recursos para os candidatos

 Izabelle Torres e Alan Rodrigues

Nos últimos anos, a reputação dos arrecadadores de dinheiro para campanhas eleitorais foi contaminada por suspeitas de negócios escusos. À medida que o julgamento do mensalão avança e documentos oficiais chegam à CPI do Cachoeira, a má fama dos tesoureiros só se agrava. Nesse cenário de descrédito, empresas hesitam em fazer doações. O resultado são arrecadações pífias e uma crise generalizada nos cofres dos partidos políticos. Para driblar a resistência à figura dos tesoureiros e o temor de os doadores se envolverem em novos escândalos, candidatos começaram a adotar estratégias emergenciais de sobrevivência financeira. Essas mudanças incluem a substituição do procedimento de captação de recursos e a escalação de ocupantes de cargos públicos para pedir dinheiro a empresários.

A candidatura de Patrus Ananias (PT) à Prefeitura de Belo Horizonte é um exemplo da preocupação com a conduta dos arrecadadores. O petista criou um grupo gestor composto por três pessoas para administrar a entrada e a saída das doações e desconcentrar o poder no processo. “Foi uma ideia para ninguém ficar com excesso de responsabilidade e poder”, explica Luiz Alberto Vieira, encarregado de fazer os pagamentos. O mesmo aconteceu em cidades como Salvador, Maceió e Porto Alegre. Em uma estratégia um pouco mais arriscada, outros candidatos optaram por abolir a figura do tesoureiro e nomear um grupo financeiro, com poderes formais de passar o pires. A coordenação desse grupo fica, geralmente, nas mãos de aliados que ocupam cargos públicos, acostumados a tratar de contratos e licitações com empresas privadas. “É uma forma de facilitar o percurso, já que a pessoa que contratou sabe as empresas que um dia já beneficiou”, diz um ex-tesoureiro tucano.


ESCASSEZ
Dílson Peixoto, tesoureiro da campanha de Humberto Costa (Recife), e Chico Macena,
arrecadador de Fernando Haddad (São Paulo): dificuldades para captar recursos



No Recife, Humberto Costa (PT) optou por Dílson Peixoto, que preside a Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal desde 2011. Nos últimos anos, ele foi o responsável por concessões, permissões e autorizações para o funcionamento do milionário mercado de transportes do Estado. Dílson integrava a cota do PT no governo Eduardo Campos (PSB). Ele deixou o cargo no dia 10, mas ainda mantém uma sala no órgão. O candidato a prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), criou um grupo para administrar os recursos e colocou no comando um ex-funcionário público. Marcelo Abi Saber foi secretário de Assuntos Institucionais e, antes disso, tinha sido o braço direito do prefeito na empresa Batik, fornecedora de equipamentos de telecomunicações. “Somos uma equipe e apenas coordeno os trabalhos. Acho que, quando um candidato está liderando as pesquisas, as dificuldades de arrecadar são menores”, diz.

Independentemente da estratégia usada para driblar a crise e do temor das empresas em contribuir com candidatos, as doações ainda pingam a conta-gotas e as metas superestimadas de receitas parecem cada vez mais inatingíveis. Para se ter uma ideia, apenas 2% das previsões de arrecadação declaradas à Justiça Eleitoral chegaram às contas bancárias dos comitês financeiros no primeiro mês da campanha. As três maiores candidaturas da capital paulista ilustram essa dificuldade. Juntas, elas calculam arrecadar R$ 218 milhões para as despesas deste ano. Até agora, só conseguiram R$ 3 milhões. Chico Macena, arrecadador da campanha do petista Fernando Haddad, captou até agora R$ 1,4 milhão dos R$ 90 milhões previstos. Nem líderes de pesquisas escapam desse cenário. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) calculou que sua campanha custaria R$ 25 milhões, mas a arrecadação atingiu pouco mais de 10% disso. “Esse pode ser o início de uma nova fase da política brasileira, na qual os empresários começam a se distanciar dos caixas de campanha para zelar pela imagem das empresas”, diz Victor Trujillo, coordenador do curso de marketing eleitoral da ESPM.

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