VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 14 de julho de 2012

SEIS POR MEIA DÚZIA



BEATRIZ FAGUNDES, O SUL

Porto Alegre, Sábado, 14 de Julho de 2012.




Só por curiosidade: Você daria, com sua presença no plenário do Senado, quórum para legitimar a posse do "novo" senador, o qual, ao que tudo indica, apenas substituirá o representante de Carlinhos Cachoeira?

À primeira vista, o Senado trocou seis por meia dúzia! Wilder Pedro de Morais (DEM) fez o juramento previsto no regimento interno da Casa e tomou posse na manhã de ontem, de forma súbita e discreta, assim que foi aberta a sessão no plenário do Senado! Vapt! Vupt! O "mandalete" do bicheiro Carlinhos Cachoeira saiu de cena dando espaço para o agora acusado de ser uma espécie de segundo "amigo" do contraventor. Claro que todos sabem que Cachoeira "roubou" a "musa" Andressa dos braços do agora novíssimo senador da República, o qual assume, sem absolutamente nenhum voto de qualquer eleitor da terra brazilis. Pelo regimento interno da Casa, é necessário a presença de pelo menos quatro senadores (sendo um deles membro da Mesa Diretora) para dar posse a um suplente.

"Prometo guardar a Constituição Federal e as leis do País, desempenhar fiel e lealmente o mandato de senador que o povo me conferiu e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil", afirmou o novo e já suspeito membro do Senado. O quarto secretário da Mesa, senador Ciro Nogueira (PP-PI), conduziu a rápida cerimônia. Além de Nogueira e da gaúcha Ana Amélia Lemos, assistiram ao juramento os senadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Encerrada a cerimônia de posse, o novo senador retirou-se do plenário em direção à chapelaria. Com a cassação de Demóstenes Torres, Wilder terá mais seis anos e meio de mandato.

De acordo com o Estadão, o substituto do defenestrado Demóstenes Torres é sócio proprietário de 24 empresas (das quais nove omitidas à Justiça Eleitoral). Ele ocupava a Secretaria de Infraestrutura do governo Marconi Perillo. É também, além de amigo, devedor confesso e agradecido do batoteiro, a quem chamava de "vossa excelência". Este, que o chamava de "senador", talvez com fino senso premonitório, jamais apostou em amizades desinteressadas. Nas sete conversas entre eles interceptadas pela Polícia Federal, trechos das quais foram divulgados pela Folha de S.Paulo, ouve-se Cachoeira dizer em dado momento: "Eu não vou expor você, cara, fui eu que te pus na suplência, nessa secretaria, você sabe muito bem disso. Então, para que eu vou te expor?".

No que consistiria a exposição ainda é segredo deles. Mas a resposta do agora senador da República é um reconhecimento que chega à abjeção. "Carlinhos", começa ele, "pensa um cara que nunca teria encontrado um governo, que nunca teria sido b... nenhuma. Você está falando com esse cara". O tempo dirá, talvez, se Wilder já teve ocasião de retribuir de alguma forma os imensuráveis benefícios recebidos. Declarar a um delinquente que deve tudo a ele pode dizer muito do caráter do favorecido, mas é pouco para que seja levado ao mesmo pelourinho de Demóstenes.

Isso em nada reduz a excrescência política e moral do sistema de suplências no Senado. Dos seus 81 membros, 15, ou 18% do total, estão atualmente aboletados na Casa sem ter recebido um único voto, graças a espúrios arranjos financeiros, partidários e familiares. Só por curiosidade: Você daria, com sua presença no plenário do Senado, quórum para legitimar a posse do "novo" senador, o qual, ao que tudo indica, apenas substituirá o representante de Carlinhos Cachoeira? A dose de leniência é cavalar!

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