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quinta-feira, 19 de julho de 2012

DEPUTADOS FEDERAIS QUEREM RESTRINGIR DIVULGAÇÃO DE DADOS SALARIAIS

Divulgação dos salários de servidores pode ser suspensa. Deputados apresentaram projeto para eliminar texto que permite publicidade dos vencimentos

Marcio Allemand
O GLOBO 19/07/12 - 11h05


RIO - A divulgação dos salários dos servidores públicos federais de maneira nominal e individualizada, conforme prevê a Lei de Acesso à Informação, corre o risco de ser suspensa. Apesar de, na última segunda-feira, a Câmara dos Deputados ter regulamentado a lei que obriga a divulgação dos salários dos servidores da Casa até o próximo dia 31 de julho, um grupo de deputados apresentou, ainda no final de maio, um Projeto de Decreto Legislativo (PDC) cujo objetivo é eliminar o texto que permite a publicidade da remuneração de servidores, incluindo vantagens recebidas. Caso o PDC venha a ser aprovado após o recesso parlamentar, a determinação de transparência pode ser sustada do decreto sancionado pela presidente Dilma Rousseff.

Os autores da proposta são os deputados Bernardo Santana (PR-MG), Henrique Oliveira (PR/AM), e Izalci (PR/DF), além do ex-deputado Policarpo (PT/DF), suplente fora de exercício. A justificativa deles é que ao editar o decreto que regulamenta a Lei de Acesso à Informação, a presidente Dilma Rousseff, “extrapolou a competência ao estabelecer algo não previsto pela Lei”.

O deputado federal Henrique Oliveira, um dos autores da proposta, afirma ser totalmente favorável à transparência no setor público, apenas não concorda com a divulgação nominal dos salários dos servidores, o que ele considera uma imposição da presidente Dilma.

- O governo federal exorbitou de sua competência e exerceu indevidamente uma atribuição que é de competência exclusiva do Congresso Nacional. A Constituição Federal não foi respeitada. Sou a favor da transparência, mas este é um assunto que deve ser discutido pelos parlamentares do Congresso Nacional - destacou o deputado por meio de sua assessoria.

Seu colega, o deputado Bernardo Santana, diz que o objetivo da proposta é impedir a divulgação dos salários por resolução, já que o texto da Lei não diz que os salários devem ser divulgados nominalmente e, ainda, evitar que o Brasil seja regido por decretos e regulamentos.

- Não sou contra a divulgação dos salários. Acho que deve-se divulgar, mas de forma legal. Eu sempre vou combater qualquer regulamento que queira fazer o papel de lei - diz Santana.

Para o parlamentar, o fato de os salários terem de ser divulgados até o dia 31 de julho não prejudica o PDC, já que a análise e a aprovação do projeto depende da boa vontade de seus colegas que estão em recesso até agosto.

- A lei é perene, mas o regulamento não, e pode ser revogado a qualquer momento. E é bom lembrar que a decisão de divulgar os salários de forma nominal não atinge os deputados, mas sim, o funcionalismo público que, de uma hora para outra terá seus nomes e vencimentos disponibilizados na rede mundial de computadores. É muita exposição - afirma Santana.

Já o deputado Izalci, outro dos autores da proposta, parece ter se arrependido e recuou em relação ao assunto. Ele diz que há alguns meses foi procurado por servidores públicos e foi “arrebatado” por argumentos que falavam de segurança e privacidade, o que pesou em sua decisão naquele momento.

- Com o tempo eu percebi que acima da segurança e da privacidade havia a questão da transparência. O contribuinte tem o direito de saber quanto ganham os funcionários públicos. Qualquer patrão precisa saber quanto seu funcionário recebe. E o patrão nesse caso é o contribuinte - ele diz.

Izalci dá o assunto como superado e acredita que o PDC não terá consenso na volta no Congresso quando os parlamentares voltarem do recesso.

Sindicato quer ser informado a respeito de acessos diários

O Presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), Nilton Paixão, diz que é favorável ao PDC e revelou que vai enviar um documento nesta quinta-feira ao presidente da Câmara, deputado federal Marco Maia (PT-RS), ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ao presidente do TCU, ministro Benjamin Zymler, baseado na lei de acesso.

- Queremos ser informados a respeito de quantos acessos diários serão feitos aos nossos dados. Temos um compromisso com o serviço público e não há como se falar em cidadania quando se afastam questões constitucionais.

Paixão diz que há cinco anos as leis de diretrizes orçamentárias já preveem essa transparência. Ele reitera que a grande inovação que foi posta em questão, e que não está em foco, é que cada cidadão pode checar o nome e o salário de qualquer funcionário.

- A Constituição assegura proteção da privacidade e do sigilo fiscal. Não se pode abrir o contracheque de ninguém e rasgar garantias constitucionais. É como chocar ovo da serpente. Esta é a a luz que pretendemos colocar neste debate, para que ele seja verdadeiramente sério.

CGU defende divulgação

O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, questionou as reclamações de que a medida prevista no decreto que regulamenta a Lei de Acesso à Informação - viola a privacidade dos servidores.

- O entendimento da CGU é que isso não é invasão da privacidade. É informação de interesse público, porque é pago com dinheiro público. Quem é que traz o dinheiro para os cofres públicos? Todos nós que pagamos impostos. Nós somos os seus patrões. Temos direito sim de saber quanto está sendo pago - afirmou ao site Contas Abertas.

Hage não vê problema na divulgação, por exemplo, dos nomes dos servidores e do detalhamento das remunerações.

- Não há restrições quanto à divulgação do nome completo, da remuneração total. O decreto é bastante explícito em relação a isso - afirmou.


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