VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO

LORENA MADRUGA MONTEIRO, DOUTORA EM CIÊNCIA POLÍTICA - ZERO HORA 18/09/2012

O modo como o presidencialismo de coalizão estrutura-se e desenvolve-se no espaço político brasileiro prejudica, sobretudo, a administração pública no país. Isto significa dizer que o presidencialismo de coalizão, baseado no loteamento de cargos da máquina pública, gera atividades ilícitas e corrupção e, consequentemente, déficit de políticas públicas (saúde, segurança, educação, habitação) necessárias para a população.

Esta reflexão não traz nenhum elemento novo que possa agregar dados para a compreensão do atual cenário político brasileiro, pelo contrário. Basta uma leitura superficial em boa parte dos casos (comprovados ou não) de corrupção nas esferas federal, estadual ou municipal, e encontra-se um ou outro agente da administração pública envolvido em esquemas de corrupção. Normalmente, esses agentes públicos não vêm da burocracia pública técnica, concursada, mas ocupam espaços na administração pública por nomeação, resultado da barganha entre o Executivo e os partidos por apoio governamental.

Desse modo, a distribuição e a negociação de altos cargos na burocracia pública entre os partidos coligados com o governo e o partido do governo geram ambientes propícios para práticas corruptas, como boa parte dos casos ilícitos vem demonstrando. Entretanto, a condenação desse arranjo institucional – o presidencialismo de coalizão – por si só não se sustenta. Ele garante, mesmo por tortuosos caminhos, a governabilidade no Brasil. Será que outro arranjo institucional não geraria os mesmos resultados, como corrupção e déficits de serviços públicos?

A questão a ser repensada são os efeitos da barganha política por cargos públicos. Não se nega a importância para o governo de ter aliados de confiança em áreas estratégicas para implementação de suas políticas, o que justifica as nomeações, mas a dimensão que essa prática adquiriu na última década em todas as esferas de governo.

Essa prática se reflete no desenvolvimento da nossa administração pública. Poucos países com sistemas multipartidários modificam tanto sua burocracia pública em cada governo. Não se pode esquecer que, mesmo com a participação da população na formulação e implementação das políticas públicas nos espaços previstos pela Constituição de 1988, a execução, a administração e continuidade dessas políticas cabem à burocracia pública, logo à instância que deveria, a princípio, estar isenta do jogo político.

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