VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 24 de março de 2012

A COPA DO MUNDO É NOSSA!


BEATRIZ FAGUNDES, O SUL
Porto Alegre, Sábado, 24 de Março de 2012.


Não compactuar com a euforia dos "iluminados", que conseguem ver um futuro deslumbrante para as cidades-sedes, nos deixa na posição de defensores do "atraso".

A dose de hipocrisia que vem sendo exposta por nossas autoridades na questão sobre liberar ou não a venda de bebidas alcoólicas nos estádios que vão sediar jogos da Copa 2014 é cavalar. Estamos diante da clássica impostura dos poderosos que, para alcançar seus objetivos e oferecer facilidades aos "amigos", elaboram discursos convincentes para justificar o injustificável. Afinal, dizem, "com os preços dos ingressos que serão muito caros, os torcedores brasileiros sequer passarão na frente dos estádios", vendendo a ideia de que os bêbados serão turistas ou pelo menos estarão entre os bem-nascidos capazes, portanto, de beber até cair sem fazer vexame ou partir para a selvageria. Não demora muito e estaremos "agradecendo" à Fifa pela cobrança de ingressos fora da realidade do País anfitrião. Arre! Ah! Macunaíma, o herói sem caráter mandando ver nas decisões de nossas digníssimas autoridades. Os fins justificam os meios, para tanto vamos flexibilizar as leis que proíbem a venda de álcool nos estádios apenas por poucas horas, durante os jogos da Copa 2014, exclusivamente para os abençoados pela sorte de terem poder aquisitivo para curtir um jogo entre seleções estrangeiras. Uau! Se a hipocrisia ficasse reduzida à questão filosófica "beber ou não beber", tudo bem. Mas, não!

A farsa transcende o velho exercício de levantamento de copo e assume proporções de tsunami imoral quando o tema é financiamento para as obras com vistas a Copa 2014. Ninguém é capaz, neste momento, de afirmar quanto de dinheiro público a nação vai gastar ao fim da farra esportiva. Todos admitem que serão bilhões! A cenoura amarrada à frente do focinho do burro tem contornos de obras viárias, hoje denominadas de "mobilidade urbana", além de milhares de vagas em novos hotéis, inúmeros restaurantes, ampliação dos aeroportos, modernização nas rodoviárias e outros que tais que, segundo o canto da sereia, restarão como uma herança positiva para as cidades sedes. Pode ser. No entanto, desgraçadamente, um tímido olhar para a realidade, para o cotidiano de cidades com carências indiscutíveis nas áreas de saúde, educação e segurança pública impede que sem "um tapa na pantera" alguém de sã consciência possa engrossar o coro dos entusiasmados, obcecados pela miragem de cidades transformadas e quase perfeitas após o evento de 2014.

Administradores, que esfregam cálculos matemáticos para justificar ser impossível pagar um piso de 1,4 mil reais para os professores, que se reúnem para obstruir a aprovação de um piso nacional para os policiais e que não conseguem contratar médicos em quantidade suficiente para preencher as vagas na rede de saúde pública, festejam e participam de solenidades ruidosas para comemorar, antes da hora, o sucesso de um empreendimento que carece de segurança quanto aos benefícios reais que serão, afirmam, patrimônio de todos os brasileiros. A Copa do Mundo é nossa! Não compactuar com a euforia dos "iluminados", que conseguem ver um futuro deslumbrante para as cidades-sedes, nos deixa na posição de defensores do "atraso". O discurso repetitivo, segundo o qual o Brasil não tem dinheiro para pagar salários dignos para professores, médicos, e policiais, se esgota e deixa explícita sua impostura diante da alegria incontida dos administradores ao anunciar as generosas verbas com suas fontes garantidas para construções faraônicas com vista à orgia da Copa do Mundo! Pior dos mundos é não contar desde ontem com a genialidade do Chico Anysio para pelo menos poder rir de nossa calhordice republicana!


NOTA: matéria indicada pelo Cel Ref José Macedo

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