VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

BRADO RETUMBANTE

IBSEN PINHEIRO, JORNALISTA, EX-DEPUTADO, PRESIDENTE DO PMDB-RS

Acompanhei a minissérie da Globo com a desatenção que merecem os detalhes protocolares ou legais – presidente e vice não viajam na mesma aeronave nem o presidente da Câmara é sucessor na vaga presidencial –, mas com todo o interesse na fidelidade que a ficção deve à realidade humana que a cerca, inclusive a política.

Não vi novidade no tratamento ficcional. Vi redundância na definição corrente dos políticos como uma grande massa de mal-intencionados e desonestos se impondo a uma minoria de éticos impotentes, passando sólida a definição de uma triste regra a sufocar honrosas exceções. Com um agravante: o mocinho morre no fim.

É difícil testemunhar em contrário. Quem o fizer cairá fatalmente na classificação das duas únicas categorias disponíveis, cúmplices ou ingênuos, especialmente se cometer a audácia de contestar a ideia dominante de que só os malfeitores são eficientes. Escrevi ideia dominante, talvez devesse dizer noção generalizada. No tratamento da vida política nacional, temos uma poderosa e indiscrepante imprensa única na demonização da atividade pública.

Leio e ouço dizer, com orgulhosa reiteração, que imprensa é oposição, ou deve ser. Mas oposição a quem? Se é aos governos, reconheço a procedência da afirmação. Mas o foco é outro. Espécie de rebeldes a favor, há os que combatem governos para apoiar o poder, numa lógica de mercado que atribui ao Estado o papel subsidiário de botar polícia na porta, bancar a saúde e abrir escolas, sem se meter no mundo dos negócios, salvo, é claro, quando necessário pagar, com o dinheiro de todos, a quebradeira geral de uma crise do capital como a que hoje assola o chamado Primeiro Mundo.

Um exemplo dessa lógica? O tratamento benevolente, ou no mínimo discreto, à sonegação fiscal, estimada em R$ 200 bilhões anuais, conforme recente e fundamentada reportagem da Folha de S. Paulo. É corrente, ainda que não comprovada, a lenda urbana de que a cada real arrecadado, outro é consumido pela sonegação somada ao custo da máquina arrecadatória.

Sem falar no pouco lembrado desperdício, geralmente destinado a favorecer corporações poderosas e intocáveis, do trabalho ou do capital, cujas lideranças se aliam gostosamente na privatização do Estado.

Compare-se essa benevolência com as poderosas manchetes sobre as diárias de um vereador ou as viagens de um deputado – manchetes merecidas, se as práticas forem fraudulentas, mas merecedoras, pelo menos, de tratamento isonômico com os malfeitos do poder privado.

Não imagine o leitor que prego ou aceito qualquer espécie de restrição estatal sobre essa unanimidade midiática. A experiência histórica e mundial na matéria indica que o controle governamental sobre os excessos da liberdade de imprensa não cura a doença, mas no geral mata o paciente, a liberdade de imprensa. Eu já me contento havendo contraponto, por acreditar que não há melhor remédio do que a própria liberdade, como o demonstra a simples publicação deste texto.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O IBSEN foi um expoente político deste país, uma das lideranças que tiraram o Collor da Presidência da República e um político cassado por forças ainda não reveladas e que mais tarde a mídia revelou ter sido vítima de armação. Pergunto: calaram o Ibsen. Depois deste caso, permaneceu às sombras e não foi mais aquele político da era Collor.

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