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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

TROCA DE SOCOS NA CÂMARA DE VEREADORES

RINGUE NA CÂMARA. Troca de socos constrange município do Vale do Caí. Um dia após ao tumulto, vereadores de São José do Hortêncio explicam a briga gravada em vídeo - PAULO GERMANO, ZERO HORA 16/09/2011

A gota d’água foi quando um vereador disse que o outro “só sabe correr atrás de vaca”: uma troca de sopapos, insultos e pontapés eclodiu na Câmara de São José do Hortêncio, no Vale do Caí, constrangendo moradores e dominando o zum-zum-zum no município. O vídeo que registrou a briga, além de chocar os 4 mil habitantes, levou a pequena cidade ao noticiário nacional e hoje vai parar na polícia.

O vereador Valdir Libório Dill (PMDB), principal opositor da administração municipal, prestará queixa contra o governista José Adolar Petry (DEM). O próprio Petry admite ter desferido “um soco na cara dele” – momento em que o confronto ganhou mais força –, mas o vídeo mostra o peemedebista provocando o colega.

Por volta das 20h de quarta, a sessão no ginásio da Escola Nossa Senhora do Rosário debatia um projeto do prefeito Clóvis Schaeffer (DEM) quando Dill iniciou as críticas. Segundo ele, a proposta da prefeitura, que pretendia contratar uma empresa produtora de saibro, apresentava imprecisões e dispensava licitação. Dill gritava, Petry o contestava, e a gritaria prosperou com ofensas como “sem caráter”, “o senhor não tem moral” e uma série de palavrões. A filha mais nova de Dill, Letícia, 17 anos, tentava acalmar o pai e quase foi atingida pelo primeiro murro.

Petry, 56 anos, 1,84m e 90 quilos, é dono da fábrica Carvão Petry e, em paralelo, trabalha com inseminação de gado. Dill, 56 anos, 1,83m e 120 quilos, é produtor rural. O primeiro ficou enfurecido quando o segundo afirmou, na presença da companheira do colega, que ele só saberia correr atrás de vaca.

– Que fiasqueira, que vergonha. Não são dignos do bom nome desta cidade. Me ligaram de São Paulo, de Brasília, até do Exterior. É um fato lamentavelmente histórico – disse Schaeffer.

Ele tem orgulho de São José do Hortêncio figurar sempre, nos últimos 10 anos, entre os municípios de melhor Índice de Responsabilidade Fiscal, Social e de Gestão da Confederação dos Municípios. Nos bares, Petry era chamado de o nosso Minotauro (um campeão de vale-tudo) e, quando a TV anunciava o episódio, alguns gargalhavam, outros lamentavam.

– A cidade ficou famosa, nunca vimos repercussão assim. Isso aqui é pacífico demais – comentou o vendedor Marino Eckert, 47 anos, enquanto bebia uma cerveja no Bar do Lui.

O presidente da Câmara, Darci Cruss (DEM), resume o caso:

– Isso que ocorreu é horrível para o município. O povo não quer isso. O Brasil não quer, o mundo não quer.


“Não me aguentei e dei um soco na cara dele”. João Adolar Petry, vereador do DEM

ZH – O senhor está arrependido?

Petry – Não. Não sou de brigar, mas também não levo desaforo para casa. Trabalho com inseminação de gado. Minha companheira estava lá, acompanhando a sessão, e ele (vereador Valdir Libório Dill) disse que só sirvo para correr atrás de vaca. Isso depois de me chamar de sem caráter. Não me aguentei e dei um soco na cara dele, que demoliu tudo.

ZH – Passado o episódio, o que o senhor diria agora ao vereador?

Petry – Se ele viesse me pedir perdão, eu o perdoaria. Mas não vou correr atrás. Se ele dissesse “olha, eu estava de cabeça quente”, tudo bem, porque eu também estava. Pô, isso (inseminação de gado) eu só faço de tardezinha, quando alguém me contrata. Minha renda é isso aqui, é minha fábrica de carvão.

ZH – Uma briga de vereadores prejudica a imagem da política?

Petry – Não acho. Isso deveria acontecer em tudo que é Câmara, deveria acontecer entre deputados federais e estaduais também. Tem muito político corrupto. Talvez, se as pessoas resolvessem as coisas assim, se houvesse mais brigas, pensariam mais um pouco antes de fazer besteiras e corrupção.

“A exaltação dele acabou me tirando do sério”. Valdir Libório Dill, vereador do PMDB

ZH – O senhor está arrependido?

Dill – Talvez eu tenha me expressado mal. Ele havia dito, em outra oportunidade, que preferia ficar correndo atrás das vacas dele do que ficar só criticando o governo. Mas é o linguajar dele. Na sessão, eu disse que ele só serve para correr atrás de vaca. Errei um pouco. Se pudesse voltar atrás, diria que ele só serve para correr atrás dos interesses dele.

ZH – Passado o episódio, o que o senhor diria agora para o vereador Petry?

Dill – Diria que deveria se comportar melhor como homem público. Como homens públicos, temos preocupações com o bem-estar e com a serenidade. Diria para ele se exaltar menos. A exaltação dele acabou me tirando um pouco do sério. Sou homem que fala alto, mas nunca agredi ninguém. Não pediria desculpas a ele, porque eu é que levei porrada.

ZH – Uma briga de vereadores prejudica a imagem da política?

Dill – Sem dúvida nenhuma. A imagem da política já está bastante desgastada, e agressão física, palavrão, desequilíbrio emocional, isso só contribui negativamente. E, com certeza, isso só contribui para manchar a imagem dos dois.

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