VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

À SOMBRA DO PODER

EDITORIAL ZERO HORA 30/08/2011


Previsto para março do próximo ano, o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do processo do mensalão – o rumoroso escândalo de pagamento de propinas a políticos ocorrido no primeiro governo Lula – ganha mais um elemento de polêmica a partir da revelação de que o ex-ministro José Dirceu mantém uma espécie de gabinete paralelo em Brasília. Flagrado pela revista Veja em encontros recentes com várias autoridades, entre as quais o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento; o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, além de deputados e senadores de vários partidos, o homem que é apontado pelo procurador-geral da República como chefe do esquema delituo-so que abalou o país em 2005 explicou que tem o direito de receber companheiros e amigos quando e onde bem entender. É verdade. Faltam, agora, explicações convincentes das pessoas que foram procurá-lo, pois todos são agentes públicos e devem esclarecimentos a seus representados.

Os cidadãos têm o direito de saber por que tais autoridades mantêm relacionamento tão estreito com um homem afastado do poder por suspeita de improbidade. Mais: por que um ministro e o presidente da estatal mais poderosa optaram por conversar com o correligionário num hotel, em vez de recebê-lo em seus gabinetes de trabalho, como seria adequado à transparência da função pública? Pior ainda: tais encontros ocorreram exatamente na semana em que o governo da presidente Dilma Rousseff passava por uma crise política, que culminou na substituição do chefe da Casa Civil Antonio Palocci pela ministra Gleisi Hoffmann. A coincidência levanta a suspeita de que as autoridades e o ex-ministro estariam articulando um modo de influenciar a sucessão na Casa Civil.

José Dirceu não deve ser prejulgado, ainda que todas as investigações apontem para a sua participação direta no episódio mensalão. Mas, na condição em que se encontra atualmente, denunciado por corrupção ativa e formação de quadrilha, também não pode ser aceito como um conselheiro legítimo para ocupantes de cargos no governo e para detentores de mandato parlamentar. O país não pode correr o risco de mergulhar novamente num esquema nebuloso de relações entre o governo e seus apoiadores políticos.

É exatamente isso que a presidente Dilma Rousseff vem tentando evitar nas últimas semanas, ao exigir ou aceitar a demissão de assessores diretos que, de algum modo, compactuam com irregularidades. Seria muito injusto para ela se viesse a se confirmar o funcionamento de um gabinete paralelo destinado a conquistar poder político à sombra de sua administração. Por isso, o mínimo que se espera, diante dos fatos que vieram a público no último final de semana, é que o ministro do Desenvolvimento, o presidente da Petrobras e os parlamentares expliquem as razões de tão estranhas confabulações.

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