VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 6 de agosto de 2011

FAXINA SEM LIXO

EDITORIAL ZERO HORA 04/08/2011

Em seu primeiro pronunciamento no Senado depois de ter sido afastado dos Transportes, o ex-ministro Alfredo Nascimento fez uma defesa candente do seu partido, o PR, e exigiu do governo tratamento semelhante ao que seria dado a outras agremiações, alegando que todas agem da mesma forma. Num discurso de mais de duas horas, afirmou o ex-ministro: “Eu não sou lixo, o meu partido não é lixo, nossos sete senadores não são lixo”. Ora, o senador tem todo o direito de se defender e de pedir tratamento justo para seu partido, mas não convence este argumento de que todos são iguais. Mesmo uma eventual similitude não justificaria omissões e tolerância a irregularidades.

O pronunciamento foi uma clara tentativa de resposta à sequência de providências adotadas pela presidente Dilma Rousseff, a partir dos indícios de que o ministério havia se transformado num reduto de negociatas entre servidores e empresas prestadoras de serviços. Ao optar pelo que se convencionou chamar de faxina nos Transportes, com o afastamento de duas dezenas de servidores, a presidente apenas atendeu a um clamor da opinião pública, que não mais aceita procedimentos administrativos obscuros.

A reação do ex-ministro, por mais previsível que seja, por estar carregada de ressentimentos, é politicamente equivocada. Como aceitar que um ex-ocupante do primeiro escalão, acossado por suspeitas, defenda-se com a insinuação de que as práticas condenáveis de gestão são comuns a todos os partidos? O ex-ministro e seus subordinados, agora fora do governo, ainda devem explicações mais convincentes para o que ocorria na pasta.

Prestar contas de seus atos em funções públicas é um dever dos 23 afastados do ministério, mas sem manobras escapistas. A obrigação do esclarecimento também faz parte das orientações que a presidente da República transmitiu a seus ministros, de todas as áreas, sempre que o Congresso os convocar nesse sentido. Essa determinação não pode, no entanto, ser parcial e tampouco condicionada às circunstâncias.

A retórica da transparência só terá sentido se for posta à prova com gestos concretos. Se está de fato disposto a iluminar setores do governo que agiam na penumbra, e se não tem nada a temer, o Planalto não deveria erguer, através de sua base parlamentar, obstáculos à fiscalização do Congresso. Isso não significa que qualquer suspeita deva resultar em CPI, até mesmo porque as comissões parlamentares têm sido, por exemplos recentes, desvirtuadas por manobras políticas.

O que setores do Congresso e do governo – e os próprios envolvidos – não podem sugerir, depois da divulgação de tantos indícios de desmandos, é que a faxina determinada pela presidente estaria sendo feita num ambiente sem lixo e sem máculas. Era só o que faltava, querer convencer a sociedade de que a limpeza seria inútil por falta de impurezas. Sabe-se que não é bem assim. O ex-ministro, que renunciou para não ser demitido, também sabe.

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