VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

QUE POLÍTICA É ESTA?

EDITORIAL ZERO HORA 22/07/2011


A decisão da presidente da República de afastar a cúpula do Ministério dos Transportes provocou forte reação de líderes do PR, que articulam não só uma rebelião na base aliada, mas também um movimento de retaliação. Não é surpreendente, pelo comportamento que os comandantes da agremiação adotaram desde as primeiras denúncias de irregularidades na pasta. Mas é lamentável que o governo esteja exposto a esse tipo de chantagem. O partido que loteou os Transportes e permitiu, pelos indícios levantados pelo próprio Planalto, o superfaturamento de obras e o recebimento de propinas, prepara-se para a vingança, e a tática já teria sido definida.

Divulga-se que os caciques do PR pretendem revelar informações capazes de provar que os suspeitos de envolvimento em irregularidades na pasta, todos afastados por ordem da presidente, nunca agiram sozinhos. Os desmandos seriam do conhecimento de escalões superiores. Se as informações do PR representarem alguma contribuição para o esclarecimento dos fatos, o partido deve procurar os meios convencionais para tal, dirigindo-se aos órgãos corregedores do próprio governo ou encaminhando o que tem a dizer ao Ministério Público. Se o objetivo, no entanto, for apenas o do confronto político – depois do afastamento de 15 dirigentes da pasta –, na tentativa de fragilizar as providências moralizadoras e chantagear o governo, a atitude será condenável. O PR tem o direito de apresentar sua defesa, diante das evidências de que havia se apoderado dos Transportes, desde que isso não signifique pura e simplesmente o desejo de retaliar antigos aliados.

Se a ameaça se confirmar, o Executivo terá a prova final, se é que ainda não tem, da desqualificação de parte da base governista. E o país estará diante de mais um exemplo execrável do rebaixamento da política por setores que renovam seu poder inesgotável de produzir enganos. O caso mais recente sob suspeita envolve o processo de criação do PSD, que estaria fraudando assinaturas de apoio. O PSD já está sob investigação da Justiça Eleitoral e precisa de cerca de 490 mil assinaturas, até setembro, para viabilizar legalmente sua fundação e participar das eleições do ano que vem. O jornal Folha de S. Paulo submeteu fichas de filiação a exames grafotécnicos e constatou, entre 10 assinaturas analisadas, que cinco foram desenhadas pela mesma pessoa. Há até a assinatura de um eleitor morto. Quem confiará num novo partido, que se autoproclama detentor das virtudes da renovação da política, se o seu modo de agir revela defeitos antes mesmo da criação?

A vendeta anunciada pelo PR e as falsificações flagradas nas fichas de apoio do PSD expõem o que o Brasil tem de pior na política. Dirigentes, agregados, protegidos sustentam siglas que, não raras vezes, são formadas apenas com o intuito de se aproximar do poder, compartilhar cargos e usufruir de vantagens escusas. A Justiça Eleitoral tem o dever de aprofundar as sindicâncias sobre as práticas dos idealizadores do PSD, assim como o governo não pode recuar da faxina nos Transportes diante das ameaças dos que perderam o feudo no ministério.

Nenhum comentário: