VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 18 de setembro de 2010

PALHAÇO NO CONGRESSO - Protesto ou equívoco?


Protesto ou equívoco? - Editorial Zero Hora, 18/09/2010

A simples possibilidade de que o humorista, palhaço e cantor Tiririca se eleja deputado federal por São Paulo com a maior votação individual do país passou de uma situação folclórica para se transformar num tema de preocupação e debate. Com um slogan de anticandidato – “Tiririca, pior que tá não fica” – e uma propaganda debochada, deseducativa e anarquista, o cidadão Francisco Everardo Oliveira da Silva, que há duas décadas frequenta shows e entrevistas com o apelido de Tiririca, pode engordar a bancada do Partido da República com seis ou sete parlamentares eleitos com a legenda obtida por sua votação individual.

Ninguém pode ignorar que, numa democracia, é um direito de qualquer cidadão pleitear uma vaga na nominata de candidatos dos partidos e uma prerrogativa destes de aceitá-los e promovê-los. O que a popularidade de um Tiririca está revelando, no entanto, não é esse saudável exercício da democracia. É antes um sintoma do empobrecimento político do país e de uma tendência lamentável de ridicularizar o próprio sistema representativo. Votar num palhaço que diz não saber o que faz um deputado, num candidato que se propõe a ajudar os necessitados, “inclusive da minha família”, ou em nomes que usam de oportunismo midiático para captar votos, ignorando que as campanhas eleitorais têm que ser, antes de mais nada, uma oportunidade de promover os valores da democracia e do respeito ao bem comum, é jogar contra a seriedade e o bom senso.

Infelizmente, os candidatos do tipo Tiririca não representam nem mesmo uma posição de protesto, o que daria uma razão aceitável para elegê-los. Eles apenas refletem a pobreza política, o desencanto com a respeitabilidade do processo eleitoral e a irresponsabilidade demagógica de alguns partidos. O Brasil precisa sobreviver a essas insuficiências e distorções. O escritor Luis Fernando Verissimo, com lucidez, vê no aparecimento de candidatos caricatos, paradoxalmente, uma espécie de comprovação da força da própria democracia. Ela, que já superou tantos obstáculos, certamente vai sobreviver a eles.

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