VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VOTAR CERTO....COMO?


Votar certo... Como? - Silvio Teles, O Globo, artigo do leitor, 10/08/2010 às 18h12m

Sinceramente, acho de uma criatividade sem tamanho as campanhas do Tribunal Superior Eleitoral nesse período que antecede os pleitos, sobretudo, os nacionais. Numa das chamadas, o eleitor é posto como patrão e espanca verbalmente o candidato, numa sabatina mais rigorosa que a ordenança papal.

Na chamada educativa citada, a intenção, creio eu, seria convencer o eleitor que, com o voto, ele bota no poder quem ele quiser. De fato, a teoria pura da democracia deveria mesmo ser assim. Mas, na prática, a coisa funciona diferente.

Tomemos Alagoas como exemplo dessa disfunção democrática. Eu até quero votar certo para o Senado, por exemplo, mas há como? Ou melhor, em quem votar, desses que aí estão, para que meu voto seja correto? Nas velhas raposas que manipulam pilastras da ética e ganham as eleições sem precisar de voto? Ou nos discursos verborrágicos, contagiantes, mas inertes, incapazes de se transformarem em água, pão, remédio, segurança e teto para os sedentos, famintos, doentes, vulneráveis e desabrigados?

E para a Câmara Federal? Quem são os nomes que, apesar de livres de escândalos, têm demonstrado realmente o que foram fazer em nome de Alagoas e de seu povo? Quem puder, diga-me quando Alagoas teve alguma bancada verdadeiramente representativa na Câmara Federal. Afinal, Alagoas e seu povo existem para Brasília?

Na Assembleia Legislativa, vamos deixar os mesmos ou vamos colocar novas taturanas? Aliás, tirando as taturanas, os fichas-sujas e os omissos, quantos sobram como opção de voto? Votar certo, tudo bem, mas como?

Quando algum nome novo surge, parecendo querer romper com a lógica posta, o sistema bruto, voraz e impiedoso o massacra, de modo que não lhe sobram nem sílabas, nem letra, nem rabisco, nem ponto. E o massacrado, relegando o pouco da dignidade pessoal que parecia ter, baixa a cabeça e se assenta aos pés de seus algozes.

Os de boa vontade que não são, de pronto, destruídos, constituem a massa dos inexpressivos políticos que se lambuzam por omissão, porque sabem que nada podem fazer contra a roda-viva. Essa semana, um cabo eleitoral tentou me persuadi a votar em seu candidato. Seu maior argumento era "o nome dele não foi envolvido em nenhum desses escândalos". E só.

O mais engraçado é que agora, em cada carro plotado, em cada outdoor, em cada cartaz, tem um grande amigo meu ou alguém digno da minha mais profunda confiança: "Fulano de tal, esse é seu amigo" ou então "Cicrano de tal, nesse Alagoas confia". Faces desavergonhadas que só de quatro em quatro anos se apresentam, com sorrisos falsos, amarelados e enganadores - porque um editor de imagens apaga rugas, clareia os dentes e implanta cabelo, mas não corrige caráter, nem maquila mandatos débeis.

Pior é assistir, em todos os telejornais, a agenda diária dos principais candidatos e suas frases do dia: "Iremos reduzir os impostos"; "Vamos aumentar o salário mínimo"; "Seremos uma potência olímpica"... Discursos logicamente perfeitos, respostas coerentes, mas tão irreais quanto os contos de fada que ouvimos, quando crianças. Tão óbvios, que nos causam irritação. Tão mentirosos, que se tornam impraticáveis. Tão incômodos, que é melhor esquecê-los.

Gostaria muito de estar aqui, tratando de propostas novas, de inovadores projetos, de prósperos rumos e animadores ares. Gostaria de estar tratando de política com o entusiasmo que esse tema merece. Mas as convenções partidárias e seus arrumadinhos e o início da atual campanha política já me encheram de asco. E quem quiser, que diga que sou revoltado, ingênuo e que política só se faz assim.

De tudo, a única coisa que me sobrou foi a certeza de que, se no próximo 3 de outubro, ainda que eu queira, não terei como votar certo. Não terei como dar uma de patrão, como ensina o marqueteiro do TSE. No máximo, vou em busca da minha quitação eleitoral já que, para a minha tristeza e felicidade dos manipuladores políticos, votar ainda é uma obrigação.

Um comentário:

Piovezan disse...

o texto acima fala da realidade política de nosso país. Concordo plenamente. E discordo parcialmente dos que falam: O povo é responsável por quem elege. Não concordo, pois não nos é dado o direito de saber a verdade de maneira simples e objetiva. Cada um de nós eleitor, não sabe onde encontrar de maneira fácil e rápida, as informações que precisamos para eliminar os podres. Onde encontro?